Folha de S. Paulo


Documentário sobre refugiados é favorito no Festival de Berlim

Filme mais aplaudido da competição do Festival de Berlim, o "Fuocoammare", do italiano Gianfranco Rosi, já é um dos favoritos ao Urso de Ouro, principal prêmio do evento.

O documentário acompanha a crise dos refugiados a partir da ilha de Lampedusa, na Sicília, um dos principais pontos de entrada na Europa, que recebeu 400 mil asiáticos e africanos nos últimos 20 anos. Segundo o filme, 15 mil morreram na jornada.

"É um testemunho da tragédia pela qual somos todos responsáveis", disse Rosi, aplaudido de pé pela plateia após a sessão. "O mar está virando um cemitério."

Divulgação
FESTIVAL DE BERLIM Gianfranco Rosi no filme
Gianfranco Rosi no filme "Fuocoammare", do italiano Gianfranco Rosi

"Fuocoammare" mostra resgates de barcos mal ventilados e atulhados de refugiados, expostos a queimaduras, desidratação e, principalmente, risco de afogamento.

Intercalando com cenas dos refugiados, Rosi mostra o cotidiano de Samuele, garoto italiano de dez anos e nativo da ilha. Seus problemas são corriqueiros perto daqueles enfrentados pelos que ali aportam: sofre de olho preguiçoso (ambliopia), passa o tempo com seu estilingue, fica enjoado quando navega com o pai, mal sabe remar.

"Eu queria retratar a situação também sob o olhar de alguém de Lampedusa e já tinha em mente que queria uma criança", disse o diretor. "O menino é um pouco como nós, europeus: com seu olho preguiçoso não sabe bem o que fazer a respeito de toda essa situação."

Na competição, o filme é o mais bem cotado, segundo a revista "Screen". Rosi já levou o Leão de Ouro no Festival de Veneza por "Sacro GRA", documentário sobre o empobrecido entorno de Roma.

O jornalista GUILHERME GENESTRETI se hospeda a convite do Festival de Berlim


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