"Midnight Special" cheira a ficção científica dirigida por Spielberg, com boas notas de esquisitice –o adjetivo "estranho" foi recorrente após a sessão de sua estreia mundial, nesta sexta (12), durante o Festival de Cinema de Berlim.
De "E.T." (1982), o filme do americano Jeff Nichols pegou emprestado a trama calcada num "pega-pega" sobrenatural: o pai de um garoto com estranhos poderes precisa escondê-lo de uma seita religiosa e de membros do governo que querem capturá-lo.
Já de "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" (1977), outro "sci-fi spielberguiano", Nichols aproveitou a ideia de um encontro com outro mundo: em "Midnight Special", o tal garoto também precisa contatar, com data e local certos, entidades paranormais.
"Eu cresci vendo esses filmes: há uma certa estética que eu quis emular", disse o diretor logo após a sessão. "E também o senso de mistério que Spielberg cria nesses longas."
Estética à parte, "Midnight Special" também centra fogo na dinâmica familiar, outro ponto em comum com a obra de Spielberg. "Eu queria fazer um filme sobre o medo de perder um filho", disse Nichols.
Jaeden Lieberher faz o papel de Alton, o menino que solta clarões de luz pelos olhos e consegue se comunicar com sinais de rádio. "Midnight Special" ignora as motivações ou o passado dos personagens –de propósito, segundo o diretor.
"Jeff sempre foi muito específico no que ele queria de nós atores", disse Lieberher, 12, que no filme faz o papel de um garoto muito mais novo.
Kirsten Dunst, 33, também ex-atriz mirim, faz a mãe do protagonista. "Depois de tanto tempo neste ofício, cheguei a me questionar se era mesmo o que eu queria. Mas, aos 27 anos, tudo mudou, e eu pude escolher melhor meus filmes."
A partir dessa idade, a atriz deu um tempo nos blockbusters como a franquia "Homem Aranha" e passou pelas mãos de diretores como Lars von Trier, Walter Salles e se arriscou até na TV, em "Fargo".
O jornalista GUILHERME GENESTRETI se hospeda a convite do Festival de Berlim
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BERLINETAS
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