Folha de S. Paulo


Simpático conversador, Tim Burton se mostra mais tímido em SP que no Rio

A temporada paulistana de Tim Burton mostra um homem um pouco mais tímido do que aquele passou pelo Rio de Janeiro no início da semana, quando deu entrevistas nos camarotes dos desfiles das escolas de samba e tirou fotos com fãs na praia.

Na noite de quarta (10), sua aparição na festa organizada no MIS começou dando impressão de que seria rápida. Às 20h15, ele subiu em um palco improvisado no estacionamento do museu e ficou lá só por dois minutos. Falando rápido, agradeceu a presença dos convidados, disse estar adorando o país, a cidade e a montagem da exposição. Desceu logo do palco e ficou ali por quase meia hora, dando autógrafos e tirando fotos com fãs.

Dentro do museu, era completamente fortuito encontrá-lo. Fotos não eram permitidas na exposição, mas ele parava para dar alguma atenção a quem achasse interessante.

Horas antes, no início da tarde, seu contato com a imprensa foi marcado pela aversão a fotos. Burton falou primeiro separadamente com alguns jornalistas, entre eles o repórter da Folha, demonstrando simpatia.

Como sintoma de sua assumida hiperatividade, falou muito e rápido. Várias vezes, começou a responder antes mesmo do repórter concluir a pergunta, com entusiasmo. Ansioso, sorria o tempo todo e pedia por mais perguntas.

Em seguida, antes da entrevista coletiva que daria no auditório ao lado, os fotógrafos entraram na sala. Burton se postou diante de um painel e recebeu uma chuva de flashes, visivelmente desconfortável. Dois minutos depois, disparou um "Thank you!" e saiu pela porta mais próxima.

Na coletiva, sem fotos, voltou a relaxar e manteve muito bom humor. Ao responder sobre sua paixão por filmes de terror, disse que eles nunca o amedrontaram.

"Tinha muito mais medo da vida real do que dos filmes. Assustador mesmo era ir à escola, tomar bronca dos meus pais, essas coisas."

ZÉ DO CAIXÃO

Pareceu sincero quando disse que encontrou na exposição coisas que nem lembrava ter guardado. Burton não participou da escolha dos itens, responsabilidade total da curadora Jenny He.

"Eu abri minha casa, meus depósitos, e ela entrou. O máximo que fiz foi esconder as cuecas sujas. A exposição é montada desde 2009, mas ainda não me sinto confortável. Nada disso foi feito para ser mostrado aos outros."

Sua espantosa rapidez para responder só falhou quando o assunto foi a menor remuneração que as mulheres têm na indústria do cinema em relação aos homens.

"Realmente não sei o que dizer", balbuciou. "Eu acho isso tão sem sentido que não há o que comentar. Todos têm de receber igual pelo mesmo trabalho, mas isso não acontece. Acho ridículo."

Longe das câmeras, quer conversar e conhecer mais pessoas. Entre elas, o cineasta brasileiro José Mojica Marins, o Zé do Caixão.

Na entrevista, ele afirmou ter assistido aos filmes de "Coffin Joe", como Mojica é conhecido nos Estados Unidos, e que gostava de seu cinema "trash" (lixo), segundo Burton parecido com seu próprio estilo de filmar.

O MUNDO DE TIM BURTON
QUANDO de ter. a sex., das 11h às 20h; sáb., das 9h às 21h; dom. das 11h às 19h; até 15/5
ONDE MIS, av. Europa, 158, tel. (11) 2117-4777
QUANTO visita gratuita às terças-feiras; às sextas e domingos, R$ 12 nas bilheterias; quartas, quintas e sábados, R$ 40, apenas com compra antecipada pela internet
CLASSIFICAÇÃO livre


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