Folha de S. Paulo


Incêndio atinge Cinemateca Brasileira e destrói 1.000 rolos de filmes antigos

Um incêndio atingiu a Cinemateca Brasileira na manhã desta quarta (3) e destruiu mil rolos de filmes antigos armazenados num galpão na parte de trás do terreno da instituição na Vila Clementino, bairro da zona sul paulistana.

Oito carros do Corpo de Bombeiros chegaram ao local por volta das 6h da manhã e controlaram as chamas em cerca de meia hora, uma ação que envolveu 12 homens -este foi o quarto incêndio a atingir o órgão, que também pegou fogo em 1957, 1969 e 1982.

De acordo com a Cinemateca, que tem cerca de 44 mil títulos em sua coleção, o incêndio destruiu um dos quatro depósitos no galpão onde são guardados rolos de filmes feitos de nitrato, uma substância inflamável usado em películas cinematográficas até os anos 1950 -por causa do perigo de incêndio, esse material ficava isolado do resto do acervo.

Reprodução/TV Globo
Incêndio atinge área da Cinemateca Brasileira, na Zona Sul de São PauloFogo atingiu parte do acervo, segundo os bombeiros.Oito equipes dos bombeiros foram enviadas ao local
Incêndio atinge Cinemateca, na zona sul de São Paulo

Essas matrizes atingidas pelas chamas, cópias originais de pelo menos 17 curtas-metragens e cinejornais, já não podem mais ser recuperadas, mas o MinC afirma que até 80% dessas obras perdidas já tinham cópias de segurança.

Em nota, a Cinemateca se comprometeu a informar os títulos destruídos ao longo desta semana. Segundo o MinC, não havia nenhum longa entre essas peças.

Uma suspeita é que o incêndio tenha começado de forma espontânea. O forte calor na cidade nesta semana pode ter levado à combustão dos rolos de filme, mesmo eles estando num prédio sem rede elétrica e onde as paredes não encostam no teto, para evitar que eventuais chamas se alastrem.

"Foi uma perda grande, porque se recomenda que sejam guardadas as matrizes de todos os filmes", diz Pola Ribeiro, secretário do Audiovisual, área do Ministério da Cultura responsável pela Cinemateca. "É muito doloroso, muito chato, mas não fomos pegos de calças curtas."

Ribeiro, no caso, se refere à retomada das atividades da Cinemateca iniciada neste ano e aos planos de contratar novos funcionários.

Desde janeiro de 2013, a instituição beira a paralisia. Na época, a então ministra da Cultura, Marta Suplicy, exonerou Carlos Magalhães da diretoria da instituição e congelou repasses à Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade sem fins lucrativos que contratava os funcionários, após a Controladoria-Geral da União abrir uma auditoria para investigar o convênio entre a pasta e essa entidade.

Isso abriu uma crise sem precedentes na Cinemateca e afetou a preservação -parte das atividades foram interrompidas, a biblioteca e uma das salas de projeção foram fechadas, houve demissões e troca-troca de diretores.

Olga Futemma, a atual titular, assumiu o cargo em maio do ano passado. Até o segundo semestre deste ano, o MinC planeja estabelecer uma organização social para administrar a Cinemateca.

"Isso que aconteceu é um desastre", diz Dora Mourão, presidente do conselho da Sociedade Amigos da Cinemateca. "É o resultado de anos de desmandos na Cinemateca."


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