Folha de S. Paulo


'A voz é um instrumento', diz líder do Alabama Shakes, que vem ao Brasil

Brittany Howard é um fenômeno. "Boys & Girls" (2012), primeiro álbum de sua banda, o Alabama Shakes, vendeu como água —500 mil cópias só nos Estados Unidos.

O segundo, "Sound & Color", estreou no primeiro lugar da "Billboard" e foi incluído nas principais listas de melhores discos de 2015. Nele, Brittany apura o estilo da banda norte-americana, inspirada em ídolos do soul, funk, rock e R&B dos anos 1960 e 70.

Ao vivo, ela pula, grita, dança, num espetáculo que torna uma grande atração a sua segunda passagem pelo Brasil: em março a banda se apresenta no festival Lollapalooza (a primeira também foi no Lolla, em 2013). "Não sei como consigo fazer tudo aquilo no palco! Quando estou ali, me envolvo com o som e desempenho meu papel como tem que ser", diz ela à Folha.

Divulgação
A banda americana Alabama Shakes CREDITO: Divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Heath Fogg (guitarra), Brittany Howard (vocal), Zac Cockrell (baixo) e Steve Johnson (bateria)

Brittany revela doçura, mas também uma falta de jeito para lidar com a fama. "Ainda acho tudo o que aconteceu bizarro. Nunca pensei que passaria tanto tempo viajando ou tocando todas as noites."

Aos 27 anos, ela é uma das grandes cantoras de sua geração. Sua voz molda-se a rock, funk, blues e soul em composições como "Hold On", primeiro single do Alabama —escolhida a melhor música de 2012 pela revista norte-americana "Rolling Stone"—, ou a recente "Gemini", uma canção experimental.

A música foi escrita por ela em Athens, cidade de 20 mil habitantes no Alabama onde Brittany e os parceiros Heath Fogg (guitarra), Zac Cockrell (baixo), Ben Tanner (teclados) e Steve Johnson (bateria) moraram a vida toda.

Na infância, Brittany adorava ouvir a irmã mais velha, Jamie, ao piano. Aos nove anos, uma tragédia: Jamie morreu, vítima de câncer na retina. E a doença também atingiu a cantora, tirando-lhe a visão de um dos olhos.

Escute o último disco da banda

Para aliviar a perda, Brittany passou a dedilhar a guitarra da irmã. Decidiu que queria ter uma banda. "Gravava diversas demos, tentando imaginar que tipo de música gostaria de tocar para mim mesma. Foi assim que desenvolvi diferentes entonações vocais", diz. "A voz é como um instrumento e pode soar alta, baixa, em falsete, séria, sexy, relaxada, com raiva"

HORAS VAGAS

Na época, Brittany trabalhava para o correio. Nas horas vagas, reunia-se com os amigos para beber e ensaiar. Aos poucos, passaram a fazer shows em cidades vizinhas.

Uma das primeiras apresentações marcantes foi a abertura para o guitarrista Jack White, num festival em Tennessee. "Depois do show, ele nos convidou para ir a um bar. Não podia acreditar no que estava acontecendo. Estávamos sendo bem tratados. Foi quando senti que algo ia mudar."

A repercussão de "Boys & Girls" confirmou sua premonição. Brittany passou a dividir também o palco com muitos de seus ídolos. Num dos encontros memoráveis, em 2015, cantou "Get Back" ao lado de Paul McCartney, na versão norte-americana do Lollapalooza.

"Conversamos muito sobre o que gostaríamos de ser: ricos e famosos ou músicos? Queremos nos divertir e, mesmo que o resultado do trabalho seja um 'flop' [dê errado], prefiro o fracasso a me arrepender de não ter arriscado."

ALABAMA SHAKES
QUANDO 13/3, no festival Lollapalooza
ONDE Autódromo de Interlagos, av. Sen. Teotônio Vilela, 261, tel. (11) 5666-8822
QUANTO de R$ 225 a R$ 800, em www.lollapaloozabr.com/tickets
CLASSIFICAÇÃO 15 anos


Endereço da página: