Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Wiz Khalifa faz ode à maconha, não cita Kanye e acende fãs em SP

Marcelo Brammer/Studio Brammer
O rapper Wiz Khalifa durante apresentação no Espaço das Américas, em São Paulo
O rapper americano Wiz Khalifa durante apresentação no Espaço das Américas, em São Paulo

Há um consenso entre a crítica especializada de que 2015 foi o ano de Kendrick Lamar, com o seu "To Pimp a Butterfly" figurando em todas as listas de melhores álbuns. Já no mundo real, o rapper que se deu bem no ano passado foi Wiz Khalifa.

Atração do Espaço das Américas, em São Paulo, na noite de domingo (31), o americano arrastou cerca de 5.000 pessoas para ouvir seus hits, em especial "See You Again".

O clipe da faixa -que integra a trilha sonora de "Velozes e Furiosos 7"- foi o mais visto de 2015 no YouTube. Já são quase 1,5 bilhão de cliques ao longo de nove meses.

Antes de chegar a ela, a penúltima do roteiro, Khalifa interpretou 22 músicas. Acompanhado por DJ, baixista, tecladista e baterista, o rapper mostrou um show de quase uma hora e meia bem amarradinho, bem profissional, sem o caô que, por vezes, marca apresentações de hip-hop.

Com 20 minutos, ele já gastou o seu segundo maior hit: "Black and Yellow". A faixa de 2010, que faz menção às cores da equipe de futebol americano Pittsburgh Steelers, havia sido seu grande trunfo no Memorial da América Latina, ali pertinho, no show de três anos atrás.

Na sequência, Khalifa puxou uma de suas inúmeras odes à maconha, "Roll Up". Os seguranças tiveram dificuldade em controlar o uso da erva, uma vez que o rapper checava toda hora se seu público "estava aceso". Durante a performance de "Raw", ele recebeu dos fãs um cigarro todo torto e um isqueiro e não teve dúvida do que fazer com o par.

Rolou sutiã atirado no palco em "We Dem Boyz" e oito tietes rebolando em "Ass Drop". Mas o MC não valorizou muito esses gatilhos sexuais. Esquálido e sempre sorridente, Khalifa parece alguém que, se um dia tiver de escolher entre uma gata e um fino, vai salivar pelo segundo.

A troca de ofensas com Kanye West pelo Twitter na semana passada praticamente não teve vez. Khalifa o acusou de se apropriar de uma expressão de outro rapper para batizar seu novo álbum, "Waves".

Kanye revidou enfurecido, Khalifa devolveu com uma frase que pode ser traduzida como "manda essa KK para dentro e aceite quem você é". Aí foi que o desafeto perdeu as estribeiras, já que leu KK como sendo as iniciais de Kim Kardashian, mulher de Kanye.

Só que KK é uma das gírias que Khalifa usa para maconha. É a abreviação de Khalifa Kush, uma tipicidade desenvolvida para o rapper pela marca medicinal que o patrocina. A música "KK" entrou no repertório, sem que o rapper fizesse menção à polêmica com o marido de KK.

Após o imenso coral levando "See You Again", "Bake Sale", single do sexto álbum do MC, que chega ao mercado na sexta (5), deu números finais à noite. Os fãs agradeceram berrando "Wiz! Wiz! Wiz!". Ou talvez tenha sido "Weed! Weed! Weed!" (maconha). Esses cigarrinhos do capeta afetam até os fumantes passivos.

WIZ KHALIFA


Endereço da página: