Folha de S. Paulo


análise

Como um mea culpa, atores negros dominam prêmio do Sindicato

No palco, nenhum vencedor do SAG Awards, prêmio concedido pelo Sindicato dos Atores dos EUA, tocou no assunto. Mas a maior e única polêmica do Oscar de 2016 parece ter sido traduzida na escolha dos vencedores, em clima de mea culpa silencioso.

Se na premiação da Academia não haverá indicados negros em categorias de atuação, fato que gerou críticas, boicote e até proposta de mudanças para promover o aumento de concorrentes mulheres e de minoria étnicas, a cerimônia do sindicato celebrou quatro atores negros: Queen Latifah (melhor atriz em minissérie ou telefilme por "Bessie"), Viola Davis (melhor atriz em série de drama por "How to Get Away with Murder"), Uzo Aduba (melhor atriz em série de comédia por "Orange Is the New Black") e Idris Elba.

Elba foi o nome da noite. Venceu tanto no cinema, como melhor ator coadjuvante pela atuação em "Beasts of No Nation", quanto na TV, como melhor ator em minissérie ou telefilme por "Luther". Uma surpresa que, muito provavelmente, nem ele mesmo esperava. Viola Davis, por outro lado, era bola cantada. Repetiu a vitória do ano passado e agora consolidou o bom momento, embora não tenha conseguido repetir o feito no último Globo de Ouro, no qual perdeu para Taraji P. Henson, de "Empire", também negra.

Para completar, "Orange Is the New Black", cujo elenco é formado por muitas atrizes negras, também levou o principal prêmio de séries de comédia. Ainda que não tenha mantido o nível da estreia nas últimas duas temporadas, a atração parece que anda em alta conta com os atores, responsáveis pela votação do SAG. Isso também vale para Kevin Spacey, protagonista de "House of Cards", série querida pelo público, mas que parecia um tanto esquecida.

Dos seis prêmios dados a negros, cinco são referentes a produções feitas para a TV, sinal de que o cinema é, hoje, o lugar para qual cineastas e atores como Spike Lee e Will Smith devem concentrar suas manifestações e boicotes.

Esnobada no Globo de Ouro, a Netflix pôde comemorar no SAG Awards. Ganhou duas vezes com "Orange Is the New Black", uma com "Beasts of No Nation" e outra com "House of Cards". Ainda viu a Amazon, sua maior concorrente em prêmios, vencer apenas com Jeffrey Tambor ("Transparent").

Surpresa mesmo, no entanto, foi o triunfo do elenco de "Spotlight - Segredos Revelados". Ao optar por pulverizar o protagonismo do filme, o longa acabou apenas com indicações para ator (Mark Ruffalo) e atriz coadjuvante (Rachel McAdams) no Oscar, e sem nenhuma para as categorias principais. Todos os protagonistas, que estão muito bem, acabaram virando coadjuvantes. Sendo assim, não seria estranho se o prêmio de direção da Academia fosse para Tom McCarthy. Mas esse já parece ter dono. Pela segunda vez consecutiva.

Veja os vencedores da 22ª edição do SAG Awards:

CINEMA

Melhor elenco
"Spotlight - Segredos Revelados"

Melhor atriz
Brie Larson ("O Quarto de Jack")

Melhor ator
Leonardo DiCaprio ("O Regresso")

Melhor atriz coadjuvante
Alicia Vikander ("A Garota Dinamarquesa")

Melhor ator coadjuvante
Idris Elba ("Beasts of No Nation")

TV

Melhor elenco em série de comédia
"Orange Is the New Black"

Melhor elenco em série dramática
"Downton Abbey"

Melhor atriz em série de comédia
Uzo Aduba ("Orange Is the New Black")

Melhor ator em série de comédia
Jeffrey Tambor ("Transparent")

Melhor atriz em série de drama
Viola Davis ("How to Get Away with Murder")

Melhor ator em série de drama
Kevin Spacey ("House of Cards")

Melhor atriz em minissérie ou telefilme
Queen Latifah ("Bessie")

Melhor ator em minissérie ou telefilme
Idris Elba ("Luther")


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