Folha de S. Paulo


Reforma de R$ 100 mi do Museu do Ipiranga recebeu apenas R$ 5,87 mi

Rogerio Canella/Folhapress
Sao Paulo - SP - 22-01-2016 NAO UTILIZAR SEM AUTORIZACAO DA FOTOGRAFIA. Imagens internas do Museu do Ipiranga que está fechado para obras com previsão de reabertura em 2022. As imagens foram produzidas para o especial OLHARES DE SP. foto: Rogerio Canella/Folhapress ORG XMIT: AGEN1601221320540598
Imagem interna do Museu do Ipiranga, fechado desde agosto de 2013

Nos dois últimos anos em que esteve fechado, o Museu do Ipiranga gastou R$ 7,7 milhões, dos quais R$ 4,7 milhões (61%) foram destinados à vigilância. Menos de um quinto —cerca de R$ 1,4 milhão de tudo que a instituição empenhou— está relacionado a seu processo de reforma. Aí estão aluguéis de casas que receberão as 170 mil peças da instituição enquanto ela passar pela reforma.

São estes os dados que constam na execução orçamentária da instituição, disponível ao público e consultada pela reportagem da Folha.

Ao valor de R$ 1,4 milhão —o único gasto do Museu do Ipiranga relacionado à reforma—, somam-se outros dois: R$ 1,6 milhão oriundo de aporte da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e R$ 2,87 milhões gastos pela Superintendência do Espaço Físico (SEF), órgão da USP responsável por reformas em patrimônios da instituição.

Assim, o valor global gasto com os reparos do museu nos últimos dois anos chega a R$ 5,87 milhões, valor ínfimo comparado ao orçamento do projeto, que passa de R$ 100 milhões.

GASTOS

Na época em que a diretora Sheila Ornstein decidiu interditar o museu, em agosto de 2013 —quando o forro do prédio ameaçava desabar—, a USP previa gastar R$ 21 milhões com o restauro e reforços estruturais para o prédio de 1895. Essa estimativa, de acordo com o vice-reitor Vahan Agopyan, já ultrapassa os R$ 100 milhões.

Em três anos, no entanto, uma parte mínima desses recursos chegou ao museu. Somados, os gastos da SEF nos últimos dois anos chegam a R$ 2,87 milhões, segundo informações da assessoria. Estão contabilizados os valores da reforma de uma escada, de um laudo técnico sobre o forro do prédio e outro lado, este feito antes da interdição do museu, que elaboraria o projeto de restauração.

"Não está mensurado [no valor] o trabalho dos funcionários da Superintendência do Espaço Físico, como, por exemplo, o mapeamento das fachadas com risco de queda", completa.

Mais R$ 1,6 milhão em verbas vindas de fora da USP, um projeto apoiado pela Fapesp, foi destinado para a compra do mobiliário usado nas reservas técnicas provisórias do museu.

Nenhum dos trabalhos artísticos e artefatos históricos do museu, a não ser as peças agora expostas na Pinacoteca do Estado numa mostra que põe em diálogo as coleções das duas instituições, deixou o prédio do Ipiranga. Enquanto isso, equipes do museu vêm embrulhando os trabalhos e preparando a mudança.

Mas o início desse processo ainda depende de uma nova fase de estudos, o que o museu chama de diagnóstico de suas áreas internas e pode levar pelo menos um ano.

Na quinta (28), dois dias depois de reportagem da Folha sobre o museu, a USP divulgou seu plano de obras. Ali constam só trabalhos considerados prioritários. O Ipiranga aparece com o valor licitado de R$ 1,9 milhão para a realização de mais um estudo técnico do edifício. Essa etapa do trabalho deve ter início em março, quando termina a concorrência pública para a escolha da empresa que fará o serviço.


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