Poucos cineastas modernos têm uma marca estilística claramente definida. Talvez apenas Quentin Tarantino e Tim Burton, 57, este último com um registro visual único, deslumbrante e delirante. Característica que vai além de seus filmes, como o público paulistano poderá conferir a partir do próximo dia 4/2.
Neste dia será aberta "O Mundo de Tim Burton", mostra no Museu da Imagem e do Som (MIS) de SP com cerca de 500 itens do acervo pessoal do diretor, entre vídeos, cadernos de roteiro, storyboards, bonecos e desenhos, entre esses uma curiosa coleção feita em guardanapos.
Burton tem no currículo filmes aclamados, com personagens desajustados e visual sombrio. Sua lista de sucessos inclui "Batman" (1989), "Edward Mãos-de-Tesoura" (1990), Marte Ataca!" (1996), "A Fantástica Fábrica de Chocolate" (2005) e "Frankenweenie" (2012).
É mais um evento do MIS com vocação para formar as longas filas registradas no mesmo local nas exposições que focaram o cantor David Bowie e o programa infantil de TV "Castelo Rá-Tim-Bum".
André Sturm, diretor do MIS, acredita que a mostra de Burton se tornará a segunda mais visitada. "Imagino algo entre 120 mil e 140 mil pessoas, só perdendo para a do Castelo, que teve 410 mil visitantes, mas ficou aberta por sete meses", diz ele. A exposição de Burton acaba no dia 15 de maio, após três meses.
Para diminuir o problema das filas, o MIS montou um esquema diferente para os ingressos. Às terças, a visitação será gratuita, com o público retirando senhas no local. Aos domingos, desde o início da mostra, e às sextas, a partir de 11/2, haverá venda de ingressos nas bilheteiras, a R$ 12 (meia-entrada a R$ 6).
Nos outros dias, quartas, quintas e sábados, o acesso só acontece com ingressos comprados antecipadamente, a R$ 40 (meia-entrada a R$ 20). O interessado adquire a entrada para um determinado dia e horário. Estão esgotados até o dia 9/4. Só após a abertura da mostra uma nova carga de ingressos será disponibilizada.
Jenny He, criadora e curadora da primeira versão da exposição, montada no MoMa, em Nova York, há sete anos, procurou a direção do MIS em 2014. Após passar por Melbourne, Toronto, Los Angeles, Paris, Seul, Praga e Tóquio, ela propôs a montagem na América do Sul.
Desde o ano passado, ela dirige a edição brasileira, que envolve 280 pessoas no trabalho. Jenny contou à Folha que a montagem inicial, em 2009, foi facilitada porque todo o material estava em poder de Burton.
acervo caseiro
"Não é uma reunião de obras espalhadas em acervos diferentes. Tim tinha essas coisas com ele, totalmente integradas a seu dia a dia. Alguns desenhos e bonecos mostrados estavam na casa dele, pendurados na parede da sala, como parte da decoração", explica a curadora.
O material inclui tanto objetos que fizeram parte da produção dos filmes de Burton, como rascunhos e storyboards, até desenhos muito antigos, de sua adolescência.
O gosto por monstros e figuras um tanto góticas está espalhado pelas salas do MIS. A programação terá atividades para crianças e exibição de filmes, entre eles os primeiros curtas de Burton, ainda nos anos 1970.
Em uma sala criada especialmente para a edição brasileira, Burton fez uma seleção pessoal de inspirações que influenciaram seu trabalho. Inclui pôsteres de filmes como "King Kong" e "Frankenstein", o quadro "A Noite Estrelada", de Van Gogh, e uma foto do escritor Edgar Allan Poe.
Para a curadora, a visita deve despertar sentimentos variados, de humor, terror e melancolia, "assim como seus filmes provocam".
O MUNDO DE TIM BURTON
QUANDO de 4/2 a 15/5; de ter. a sex., das 11h às 20h; sáb., das 9h às 21h; dom. das 11h às 19h
ONDE Museu da Imagem e do Som, av. Europa, 158, tel. (11) 2117-4777
QUANTO visita gratuita às terças-feiras; às sextas e domingos, R$ 12 nas bilheterias; quartas, quintas e sábados, R$ 40, apenas com compra antecipada pela internet (esgotado até o dia 9 de abril)
CLASSIFICAÇÃO livre