Folha de S. Paulo


Pinacoteca muda logotipo do museu e quer ser conhecida só como Pina

Na segunda (25), aniversário da cidade, a Pinacoteca do Estado de São Paulo anunciou sua nova marca, que inclui um novo nome: Pina. Detalhes da fachada e do interior dos dois edifícios históricos do museu —o da Praça da Luz e a Estação Pinacoteca— foram transformados em elementos gráficos.

Para o diretor de relações institucionais do museu, Paulo Vicelli, o nome oficializa um apelido que os frequentadores já usavam. "Pinacoteca pode soar complexo para algumas pessoas, muitos nem sabem o que significa", diz.

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Novo logo da Pinacoteca Foto; Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
À esq., antigo logotipo da Pinacoteca; à dir. marca criada pela F/Nazca Saatchi & Saatchi para o museu
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Antigo logotipo da Pinacoteca. Reproducao. ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***

"O nome segue a onda de personalização e aproximação de instituições", afirma Danilo Cid, professor de design estratégico da ESPM. A prefeitura de Curitiba quer ser chamada de Prefs, até a mineradora Vale do Rio Doce quer ser conhecida como Vale. Agora a Pinacoteca quer ser Pina.

A abreviação gerou reações negativas de quem viu ali uma infantilização. "Seria como chamar o Louvre de Lou", diz o designer Victor Vasques, do escritório Citrus.

O novo desenho, feito por Marcelo Ribeiro, da agência F/Nazca Saatchi Saatchi, acompanha a linha simpática e parece ter sido inspirado na identidade visual da Câmara Municipal do Porto, em Portugal, que trocou um logotipo sisudo com cara de gráfica do interior por pictogramas azuis com símbolos da cidade.

Na internet, muitos apontaram a semelhança entre o logotipo da Pinacoteca e o do Porto, feito por Eduardo Aires, do White Studio. Em comunicado à Folha, a F/Nazca Saatchi Saatchi rebate as acusações de plágio.

"A técnica de pictograma é largamente usada. Muito antes de ser usada na cidade do Porto, foi usada em Praga, na feira berlinense Fair Kiez, na hamburgueria americana Shake Shack(...), ou, para facilitar de uma vez, nos hieróglifos egípcios", diz.

Para a agência, a acusação é tão descabida quanto "acusar impressionistas, expressionistas, cubistas e toda a sorte de artistas —muitos deles felizmente expostos na nossa Pina de São Paulo— de serem cópias uns dos outros", conclui.

Gustavo Piqueira, designer do escritório Casa Rex, pondera que "a Pinacoteca talvez não possua a quantidade necessária de elementos iconográficos que a simbolizem para sustentar um sistema de identidade múltiplo e móvel". Identidade múltipla é o jargão usado para logotipos com elementos variados, que se moldam ao uso.

Já Carlos Perrone, autor do logotipo original, usado entre 1998 e 2011, acha que é mudança demais para 15 anos. "Até 1998, a Pinacoteca não tinha uma marca oficial. A primeira foi a minha, feita com base no desenho do prédio, feito por Ramos de Azevedo na virada do século. Depois disso, tivemos basicamente uma marca por gestão", reclama. Já a mudança do nome ele prefere "nem comentar".

A marca anterior, feita por Beta Harada, da F/Nazca, já trazia a abreviação "Pina" em destaque, mas chamava atenção para a tradição do museu ao colocar a idade da casa no logo. Agora, é só Pina. Ou melhor, Pina_, para soar a internet.


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