Folha de S. Paulo


Glaucia Nasser faz tributo à música de MG com versões de João Bosco a Skank

Eduardo Anizelli/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 14-12-2015, 18h10: Retrato da cantora Glaucia Nasser, que lanca antologia da cancao mineira do seculo 20. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, ILUSTRADA) ***EXCLUSIVO***
A cantora Glaucia Nasser, que lança antologia da canção mineira, no jardim do prédio em que mora

Cantora mineira radicada em São Paulo, Glaucia Nasser traz ao público uma espécie de volta às raízes. Depois de quatro álbuns sofisticados de pop e MPB, e de um disco em parceria com o lendário percussionista de jazz Sammy Figueroa, ela faz uma louvação à música de Minas no recém-lançado "Em Casa".

O disco foi uma ideia do compositor Alexandre Lemos, que propôs em um almoço a gravação de um álbum de músicas que ela escutava desde criança em Patos de Minas. "Ele me disse que um projeto assim deveria ter sido meu primeiro disco", conta Glaucia à Folha, "e me conquistou com a vontade de fazer tudo com voz e viola".

O repertório não se concentrou apenas em músicas antigas. Vai de "No Rancho Fundo", de Ary Barroso, a "Dois Rios", do Skank. No caminho, passa por João Bosco, Milton Nascimento e o Clube da Esquina, com um desvio saboroso em "Laranja Madura", de Ataulfo Alves.

25 CANÇÕES

Lemos dirigiu as gravações em 2012. Glaucia dividiu o estúdio com Sandro Prêmmero, que toca todas as cordas.

"Gravamos 25 músicas, mas o disco 'travou' na mixagem", diz a cantora. Enquanto ela discutia o rumo do álbum com Lemos, conheceu o americano Sammy Figueroa e seu trabalho com o jazzista deixou "Em Casa" parado, "quieto lá no canto", nas palavras dela.

Escute o álbum

"O Alexandre foi muito generoso comigo, deixou que eu decidisse o que fazer com as gravações. Aí veio o trabalho com o Sammy, num processo muito rápido. Organizamos o show, depois gravamos o disco, tudo num ritmo muito mais rápido daquele com o qual estou acostumada."

Entre 2013 e 2014, a parceria com Figueroa tomou suas atenções. Depois, uma dúvida: além do disco "mineiro", ela tinha de lidar com uma produção autoral que não registrava desde "Vambora" (2010), o quarto álbum solo.

FAVORITAS DE JK

Nos shows que fez no ano passado, mais um projeto começou a tomar forma. "Uma Noite com Juscelino" propõe reviver no palco os "anos dourados" do Brasil, focado no período da presidência de Juscelino Kubitschek (entre 1956 e 1961), que, segundo ela, "revolucionou a alma artística do país e governou numa época em que a identidade brasileira teve muita força".

Glaucia lembra o sucesso da bossa nova e a vitória da seleção brasileira na Copa de 1958 como parte dessa afirmação de um orgulho brasileiro. Estuda muito sobre a época e monta um show para contar isso à plateia, cantando músicas como músicas "Vivalda" e "Peixe Vivo", esta a canção favorita de JK.

No final do ano passado, depois de o álbum passar por uma remixagem com Enrico de Paoli, grande amigo da cantora, "Em Casa" ganhou a prioridade na carreira de Glaucia. Começou a mostrar o repertório nos shows e o disco foi para as lojas.

É um álbum impecável, um punhado de músicas pontuadas por sua cristalina e educada voz. Nas 17 faixas que entraram na edição final, algumas tendem a desconstruir as canções e reerguê-las em ótimos arranjos, como "Dois Rios", de Samuel Rosa, Nando Reis e Lô Borges. Quando opta por uma versão mais fiel, como em "Quando o Amor Acontece", de João Bosco e Abel Silva, a reverência gera uma interpretação impecável.

Mais do que nunca, 12 anos depois de seu primeiro álbum lançado, Glaucia Nasser é uma voz para ser acompanhada em 2016. Pode ser cantando suas próprias músicas, as memórias de Minas ou as favoritas de Juscelino.

EM CASA
ARTISTA Glaucia Nasser
GRAVADORA Canal 3
QUANTO R$ 25 (CD)


Endereço da página:

Links no texto: