Folha de S. Paulo


Os Strokes não estão gravando disco, diz guitarrista Albert Hammond Jr.

Jason McDonald/Divulgação
Albert Hammond Jr. com o macacão que usa em clipes do novo disco
Albert Hammond Jr. com o macacão que usa em clipes do novo disco

Bastou uma foto surgir na internet em dezembro passado para que os fãs dos Strokes passassem a sonhar com um disco novo da banda nova-iorquina, chamada de salvação do rock nos anos 2000.

A imagem de parte do grupo dentro de um estúdio em Monterrey, no México, divulgada pela administradora do local, foi interpretada como o sinal de um álbum novo, o que seria o sucessor de "Comedown Machine" (2013).

"Não estávamos gravando, só estávamos ensaiando para o show [na cidade]", desmente Albert Hammond Jr., guitarrista da banda, que fará show da sua carreira solo em breve em São Paulo. Ele mostrará no dia 13 de março, no festival Lollapalooza, seu terceiro CD, "Momentary Masters", que saiu em julho.

"Por que o anúncio do nosso álbum viria por meio de um estranho? Não faz sentido. É algo que nós mesmos estaríamos orgulhosos e animados para anunciar", afirma à Folha, ao telefone, da cama de casa, em Nova York.

"Eu sou só um quinto", responde sobre o futuro da banda. Um outro quinto, o vocalista Julian Casablancas se antecipou ao dizer em setembro que voltariam ao estúdio em breve. "Ainda temos que escrever, tocar e tentar fazer de novo alguma coisa", pondera Hammond Jr. "Mas a banda nunca se rompeu, só a imprensa acha isso."

Assim sendo, quem quiser mais Strokes poderá encontrar no festival Governors Ball, em Nova York, em junho, único show marcado até então para este ano. No Lollapalooza, nem adianta esperar ouvir algo da banda.

Para separar os projetos, justifica, esquece o outro repertório quando está como "frontman" –enquanto Casablancas toca algumas versões quase irreconhecíveis com o seu novo grupo paralelo, o barulhento The Voidz.

Já nas composições do guitarrista, sim, é possível achar marcas da banda, principalmente nos novos hits, os bons "Losing Touch", "Caught by my Shadow" e "Born Slippy".

MATURIDADE
Tensa ao explicar o status atual dos Strokes, a voz de Hammond Jr. muda ao falar da fase nova. Empolga-se ao contar que esta é a turnê que mais gostou de fazer na vida.

Após os shows na América do Sul –tocará também no Lollapalooza da Argentina e do Chile– pretende voltar a estúdio para gravar o material que já tem para o próximo disco. "Gostaria de acabar até o outono [no hemisfério Norte], mas tento não colocar muita pressão."

Aos 35 anos, quer "fazer mais no próximo ciclo". "Fazer um disco melhor, poder tocar em mais lugares, tocar para mais pessoas no rádio."

"Momentary Masters" é o segundo trabalho desde que passou por tratamento para conseguir largar o vício em drogas. Há seis anos, já contou, enquanto preparava o disco "Angles" com os Strokes, gastava cerca de US$ 2.000 por semana em cocaína, heroína e ketamina (anestésico usado em animais).

Ele diz que não foi intencional –"apenas criamos algo que fosse interessante com US$ 10 mil e três pessoas", ri–, mas quem vê os clipes de "Losing Touch" e "Caught by my Shadow" não pode deixar de pensar em uma metáfora.

Os vídeos, gravados no Marrocos, mostram o músico de macacão vermelho –igual a este da foto no alto– correndo por vielas. Atrás dele está a morte, de capa preta e rosto branco, como em "O Sétimo Selo" (1957), filme de Ingmar Bergman (1918-2007), a inspiração para o roteiro.

Como no drama sueco, a luta contra a morte é decidida em um duelo de xadrez à beira-mar. Sem spoiler sobre o fim. Fora da tela, felizmente, já se sabe quem venceu.

Assista ao clipe de "Losing Touch"

Assista ao clipe de "Caught by my Shadow"

INGRESSOS
Faltando menos de dois meses para a quinta edição brasileira do Lollapalooza –em 12 e 13 de março, no autódromo de Interlagos, em São Paulo–, as vendas de ingressos atingiram o terceiro e último lote desde a última semana.

As opções restantes, mais caras que nos lotes anteriores, vão de R$ 450 (ingresso para apenas um dos dias) a R$ 800 (para os dois dias). Com direito a área VIP com "open bar", sobem para R$ 950 (um dia) e R$ 1.700 (dois dias). A organização não informa o número de tíquetes ainda disponíveis.

As compras podem ser feitas pela internet (www.lollapaloozabr.com/ingressos) ou na bilheteria do Citibank Hall (av. das Nações Unidas, 17.955; diariamente, das 12h às 20h), onde não há cobrança da chamada taxa de conveniência, de 20% sobre o valor de cada ingresso.

LOLLAPALOOZA
QUANDO 12/3 e 13/3, a partir das 11h30; Albert Hammond Jr. toca em 13/3, em horário não definido
ONDE autódromo de Interlagos, av. Senador Teotônio Vilela, 261
QUANTO de R$ 450 (um dia) a R$ 1.700 (dois dias em área VIP)
CLASSIFICAÇÃO 15 anos; de cinco a 14, com pais ou responsáveis


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