Folha de S. Paulo


Oscar lança ação para dobrar número de negros e mulheres na Academia

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, responsável pelo Oscar, anunciou nesta sexta-feira (22) que trabalhará para dobrar o número de mulheres e negros entre seus membros até 2020.

Segundo a nota divulgada, a instituição vai intensificar o envio de convites a mulheres e negros que são atores, diretores, roteiristas e técnicos de cinema e ainda não são filiados a ela. A decisão é resposta a uma verdadeira rebelião contrária à falta de diversidade no Oscar, que tem mobilizado Hollywood e as redes sociais.

Este é o segundo ano consecutivo que a Academia não inclui atores negros entre os concorrentes ao prêmio. Após o anúncio da lista de nomeados deste ano, na semana passada, a hashtag #OscarsStillSoWhite (Oscar ainda muito branco) começou a circular na internet.

Zô Guimarães/Folhapress
RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL, 26-11-2013, 18H: Spike Lee no Hotel Fasano. (Foto: Zo Guimaraes/Folhapress/ ILUSTRADA) (zo com acento circunflexo no o)
O cineasta Spike Lee posa em hotel em Ipanema, no Rio

O movimento ganhou força quando Spike Lee (diretor de, entre outros longas, "Malcom X", "Faça a Coisa Certa", ambos sobre conflitos raciais nos EUA) anunciou, em um texto publicado no Facebook na segunda (18), que não irá à premiação. "Nós não podemos apoiar isso", escreveu.

No "Good Morning America", na quarta (20), o cineasta, que recebeu um Oscar honorário em novembro do ano passadonegou ter convocado um boicote à cerimônia. Mas sua atitude ecoou entre os membros da mais poderosa indústria cinematográfica do mundo e, desde o início da semana, outras estrelas têm demonstrado apoio ao protesto.

Will Smith e sua mulher, Jada Pinkett Smith, também se recusaram a comparecer à cerimônia de premiação do Oscar, em 28 de fevereiro. "Minha mulher não vai participar. Seria estranho se eu aparecesse lá ao lado da Charlize Theron, por exemplo.", disse o ator. "Neste exato momento, não estamos confortáveis para estar lá. Vai parecer que está tudo bem."

"Fui indicado duas vezes para o prêmio da Academia [em 2001 por "Ali" e em 2006 por "À Procura da Felicidade"] e nunca perdi para uma pessoa branca. A primeira vez que perdi foi para Denzel [Washington] e, a segunda, foi para Forest Whitaker", disse Smith.

Em um comunicado divulgado na terça (19). presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA, Cheryl Boone Isaacs, que é negra, se disse "triste e frustrada" pela situação.

'RACISMO CONTRA BRANCOS'

Tobias Schwarz/AFP
British actress Charlotte Rampling holds the Silver Bear for Best Actress during the Closing ceremony of the 65th International Film Festival Berlinale in Berlin, on February 14, 2015. AFP PHOTO / TOBIAS SCHWARZ ORG XMIT: 4595
A atriz Charlotte Rampling durante o Festival de Berlim, em 2015

A atriz britânica Charlotte Rampling, 69, indicada ao Oscar de melhor atriz por "45 anos", disse nesta sexta (22) que o protesto do diretor Spike Lee é "racista contra os brancos".

"Não dá para saber, mas talvez alguns atores negros não merecessem estar na reta final", afirmou à rádio francesa Europe 1. A atriz também rejeitou a ideia, proposta por Lee, de estabelecer cotas a minorias na premiação. "Por que classificar as pessoas?", questionou.

"Sempre haverá alguém para dizer: 'Você é negro demais, branco demais, bonito demais...' Vamos classificar todos para criar minorias em toda a parte?"


Endereço da página:

Links no texto: