Folha de S. Paulo


'Brasil é parte da minha educação sentimental', diz argentino Fito Paez

Danilo Verpa/Folhapress
Moska (esq.) solta o portunhol para Fito Paez nas ruas de São Paulo, passeando na av. Paulista
Moska (esq.) solta o portunhol para Fito Paez nas ruas de São Paulo, passeando na av. Paulista

Fito Paez diz que, apesar de ter gravado com Moska o primeiro disco de colaboração total entre brasileiro e argentino, o encontro é sequência de uma série de entrelaçamentos sonoros entre os países.

"O Brasil é parte da minha educação sentimental. A música brasileira estava na minha casa em Rosario, nos anos 1960 e 1970. Naquela casa de classe média baixa, meu pai escutava bossa nova, João Gilberto, e o famoso disco que Vinicius de Moraes, Toquinho e Maria Creuza gravaram em Buenos Aires", diz Fito, referindo-se ao show dos artistas brasileiros gravado na boate La Fusa, em 1970.

"Para mim, ouvir bossa nova era como escutar tango ou o rock dos Beatles, coisas fundamentais no meu toca-discos durante a adolescência."

O músico acha que a curiosidade sobre o que era feito no outro país é antiga. "Existe uma história específica dessa vinculação, com muitos episódios. Para mim é claro que, ao mesmo tempo, Tom Jobim passava por um processo de internacionalização semelhante ao de Astor Piazzolla na Argentina."

Fito Paez compara também o surgimento dos Mutantes ao estouro do grupo portenho Los Gatos, formado me 1967.

Ele recorda Caetano Veloso sendo vaiado em Buenos Aires ao cantar "Mano a Mano", tango de Carlos Gardel. "Caetano enfrentou a plateia e perguntou por que estavam vaiando sua própria música. Ele sempre esteve conectado com a música latina."

Fito se empolga ao falar de Herbert Vianna. "É o personagem mais importante nesse contato. Uma máquina voraz de curiosidade musical. Nos anos 1980, conheceu todo mundo do rock argentino em apenas dois anos. Sabia tudo, poderia dizer onde e quando Spinetta gravara essa ou aquela canção." Ele cita Luis Alberto Spinetta (1950-2012), talvez o mais aclamado roqueiro argentino.

LOUCURA TOTAL
ARTISTAS Fito Paez e Moska
LANÇAMENTO Sony Music
QUANTO R$ 25 (em média, CD)

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O NOVO ROCK ARGENTINO
Quatro bandas que valem a pena

SOBRENADAR

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A banda Sobrenadar
A banda Sobrenadar

O projeto da cantora e instrumentista Paula Garcia é predominantemente eletrônico, mas sons quase mínimos de guitarra fazem uma grande diferença. Suas melodias etéreas podem ser encaixadas no que se convencionou chamar de "dream pop". Álbuns e EPs disponíveis em sobrenadar.com

JUVENILIA

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Os integrantes da Juvenilia
Os integrantes da Juvenilia

Banda dominada por garotas que consegue soar totalmente new wave, como se tivesse saído direto de 1983 (ano em que seus integrantes ainda não haviam nascido). O primeiro álbum está sendo finalizado e sai agora no início do ano. Dá para ouvir um EP em juvenilia.bandcamp.com

ÍNDIOS

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O grupo de rock Índios
O grupo de rock Índios

Um vocalista bom e carismático (Joaquin Vitola) e nenhuma vergonha de fazer pop rock que grude no ouvido são os trunfos dessa banda de Rosario. É famosa pelos shows em lugares abertos, no meio da rua mesmo. Suas canções podem ser "caçadas" no confuso site da banda, indiosoficial.tumblr.com

SURFISTAS DEL SISTEMA

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Os membros da banda Surfistas del Sistema
Os membros da banda Surfistas del Sistema

A mistura de guitarras e sintetizadores ganhou a crítica musical de seu país, que parece determinada a exaltar a banda até transformá-la em um novo Soda Stereo (o "RPM argentino" nos anos 1980). O álbum "Modo Despegar" é mesmo primoroso e está disponível em surfistasdelsistema.bandcamp.com


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