A Companhia das Letras comunicou, na tarde de segunda (21), ter adquirido parte do catálogo da Cosac Naify, que anunciou, em 30/11, seu fechamento até o fim do ano.
À Folha, Charles Cosac, dono da casa que leva seu sobrenome, disse ter sido procurado por diversas editoras dispostas a ficar com os títulos, mas que "gostaria de entregar o que interessa a quem pudesse continuar e tivesse estrutura melhor". E a "mais franca", afirmou, foi a Companhia.
O presidente da Companhia, Luiz Schwarcz, declarou que a negociação começou com "uma abordagem elegante e vagarosa, mesmo que contra a maré". "Queremos acreditar na viabilidade da boa literatura ainda em tempos difíceis", disse à reportagem. "Para quem gosta da grande literatura, não há como manter postura passiva perante o fim do patrimônio literário criado por Charles Cosac e sua equipe."
O acordo, segundo nota da Companhia, "visa perpetuar importante parcela do catálogo da Cosac Naify, sobretudo nas áreas da ficção literária, clássicos, antropologia e literatura infantojuvenil".
A fatia compreende entre 50 e 70 títulos, segundo Otávio Marques da Costa, publisher da Companhia. A lista final não foi divulgada, pois "depende da anuência de autores e detentores de direitos autorais, processo este ainda em curso". Charles Cosac revelou dois nomes que serão herdados pela casa de Schwarcz: Jorge de Lima e Murilo Mendes.
Ele também disse que tem satisfação em dar destino a 70 títulos, "mas ainda faltam uns 1.500". Existem editoras interessadas nas obras de design, fotografias e ensaios, afirma. "O problema é que trabalhamos com séries e elas querem apenas os títulos que vendem. Estou tentando manter as séries unas", disse. "Por exemplo, Ismail Xavier tem 20 volumes –apenas três vendem bem. Ninguém quer os outros 17."
| Bruno Poletti - 24.set.2015/Folhapress | ||
 |
||
| O empresário Charles Cosac em lançamento de Alexandre Herchcovitch |