Folha de S. Paulo


Vimos o novo 'Star Wars'; só leia se quiser saber o que acontece

Star Wars

Três anos de espera chegaram ao fim. Desde o anúncio da Disney, em 2012, revelando a produção de uma nova trilogia que continua as aventuras de "Guerra nas Estrelas" (1977), "O Império Contra-Ataca" (1980) e "O Retorno de Jedi" (1983), que os fãs de "Star Wars", saga espacial criada por George Lucas, sonhavam com a chegada de "Star Wars: Episódio 7 "" O Despertar da Força", que estreia à 0h01 desta quinta (17).

A ansiedade deve criar um fenômeno cultural maior que o produzido em 1999, quando "Episódio I - A Ameaça Fantasma", primeiro de três prólogos sobre a origem de Anakin Skywalker (no futuro conhecido como Darth Vader), mostrou o potencial narrativo da série.

Principalmente porque Lucas, um cineasta mais interessado em tecnologia e menos na trama, não está mais envolvido diretamente nas sequências e, claro, por termos o retorno de Luke Skywalker (Mark Hamill), Leia (Carrie Fisher), Han Solo (Harrison Ford) e outros personagens queridos da série original.

Não há dúvidas do poderio financeiro de "O Despertar da Força". O longa não apenas vendeu mais de US$ 100 milhões em ingressos antes mesmo de estrear em qualquer cidade, mas o mercado espera que o filme renda cerca de US$ 600 milhões no primeiro fim de semana de estreia mundial.

"Vamos esmagar 'Jurassic World' como um besouro", brincou George Lucas durante a première mundial, nesta segunda-feira (14), em Los Angeles, referindo-se ao recorde de US$ 525 milhões alcançados pelos dinossauros.

Para compor o tom do novo longa, o diretor JJ Abrams ("Star Trek") e seu corroteirista, Lawrence Kasdan, dono do roteiro de "O Império Contra-Ataca", imaginaram as consequências da vitória da Rebelião em Endor, no fim de "O Retorno de Jedi". "O Despertar da Força", assim, se passa cerca de 35 anos após esses eventos.

Se você não se importa com "spoilers", a Folha relata o sétimo episódio da saga, direto da primeira sessão para a imprensa realizada pela Disney, em Los Angeles.

O INÍCIO

Os famosos letreiros da saga abrem novamente a trilogia. Sem muita discussão sobre bobagens entre Nova República e política espacial, a primeira frase determina o que move a trama: "Luke Skywalker desapareceu".

Ou seja, anos depois da vitória Rebelde, a Primeira Ordem, exército formado com as sobras do Império, acredita que o herói sumido pode representar a volta dos Cavaleiros Jedi –algo que o líder supremo, Snoke (Andy Serkis, escondido sob toneladas de efeitos digitais que reproduzem uma espécie de Lord Voldemort turbinado), não quer.

A única pista sobre o paradeiro de Luke está com Lor San Tekka (Max von Sydow), um ancião do planeta Jakku, que a entrega a Poe Dameron (Oscar Isaac), o maior piloto de X-Wing da Resistência (novo nome dos Rebeldes), e ao robô BB-8. As tropas inimigas capturam Dameron e dizimam a vila, mas BB-8 escapa com a informação e termina nas mãos de Rey (Daisy Ridley), uma catadora de sucata órfã.

Torturado por Kylo Ren (Adam Driver), um discípulo do Lado Negro, o piloto entrega que o robô possui a informação sobre o paradeiro de Luke, mas consegue escapar graças à ajuda de um stormtrooper desertor, FN2187, mais conhecido como Finn (John Boyega). Os dois roubam um caça até que são derrubados em Jakku. É quando Finn encontra Rey, e BB-8 reconhece o casaco do seu dono, Dameron.

Rey usa sua habilidade em pilotar para decolar com a Millennium Falcon, nave de Han Solo (Harrison Ford), roubada algumas vezes até ficar empoeirada entre sucatas. No meio do caminho rumo à base da Resistência, os dois são resgatados por Solo e Chewbacca (Peter Mayhew) e são levados ao bar de Maz Kanata (Lupita Nyong'o), uma pirata milenar que possui o sabre de luz que um dia foi de Luke e Anakin Skywalker.

Neste meio-tempo, a General Leia testemunha a destruição do sistema intergaláctico que abrigava a República e a aparição da Starkiller, uma nova Estrela da Morte com um poderio bem mais abrangente. A Resistência precisa destruir o ponto fraco do planeta-base-arma, enquanto Solo, Rey e Finn desestabilizam os escudos da Estrela.

AINDA ESTÁ LENDO?

No início de "O Despertar da Força", fica bastante claro que Kylo Ren tem ligações familiares com personagens da trilogia original. "Você não é do Lado Negro. Conheço seu pai", conta Tekka. Não demora muito e fica claro que o novo vilão é filho de Solo com Leia, desgarrado ainda pequeno para não ser perseguido pelas tropas imperiais. Por isso, o casal que terminou "O Retorno de Jedi" no clima de "felizes para sempre" não está mais junto há alguns anos. Leia acha que pode trazer o filho de volta. Solo nem tanto.

QUER CONTINUAR?

O que aconteceu com Luke é respondido logo na primeira metade do longa. O Cavaleiro Jedi tentou continuar os ensinamentos da Força, mas um dos seus alunos se voltou para o Lado Negro. Luke sentiu-se responsável pela mudança do sobrinho Kylo e abandonou tudo.

AFINAL, É BOM?

Sim. "O Despertar da Força" é tudo que o fã de "Star Wars" tradicional espera. Não há exagero de efeitos especiais e Abrams encontrou o ponto certo entre ação, drama e humor. Finn funciona como a ligação do espectador com tudo de inacreditável que existe no universo da saga e proporciona diversas piadas, sem atrapalhar o drama.

Claro, as duas grandes atrações do filme são Rey e Kylo. Ela termina como um grande mistério, mas assume o manto de nova protagonista da série: forte, inteligente, sarcástica e poderosa. Kylo é trágico. Segue os passos do avô que idolatra, mas é inseguro e pavio curto. Sem dúvida é o maior vilão que a saga produziu desde Darth Vader e deixará marcas eternas nos fãs.

O único vacilo de Abrams e Kasdan foi reproduzir a trama de "Guerra nas Estrelas" com uma nova Estrela da Morte. Contudo, as batalhas espaciais à moda antiga, as duas grandes lutas de sabres de luz e a promessa de um "Episódio 8" ainda mais empolgante deixam "O Despertar da Força" longe da decepção do que foi "A Ameaça Fantasma" (1999).

QUEM MORRE?

Não seria justo com você, certo? Mas prepare o lenço.

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