Folha de S. Paulo


Com elenco original, 'O Despertar da Força' é exercício de saudosismo

Quando, em meados dos anos 1990, George Lucas começou a retocar a trilogia original para criar as chamadas Edições Especiais (hoje as únicas disponíveis oficialmente), parte dos fãs se sentiu profundamente traída.

O mundo sujo e gasto, criado inteiramente com efeitos especiais baseados em miniaturas e bonecos, foi gradativamente dando espaço a versões limpas e digitais dos mesmos efeitos, tirando parte do charme e modificando a própria história do cinema.

Com o lançamento da nova trilogia, então, entre 1999 e 2005, muitos decretaram o fim da franquia. Além do uso excessivo de "telas verdes" e computação gráfica, os filmes eram mal dirigidos; os atores, péssimos; os roteiros, sofríveis. A coisa foi tão séria que Natalie Portman, que interpretou Padmé Amidala nos três novos filmes, chegou a temer por sua carreira.

Foi com alegria, portanto, que os fãs receberam a notícia de que "O Despertar da Força" (que estreia na quinta, 17) não só traria "Star Wars" de volta para o analógico (ao utilizar efeitos práticos e locações reais), como também marcaria o retorno do elenco original e de um de seus melhores roteiristas.

Carrie Fisher, Harrison Ford, Peter Mayhew e Mark Hammil estão de volta como Leia, Han Solo, Chewbacca e Luke Skywalker em roteiro escrito pelo diretor J.J. Abrams em parceria com Lawrence Kasdan, de "O Império Contra-Ataca", considerado até hoje o melhor filme da saga.

Nada garante que o caminho saudosista escolhido por Abrams resulte em sucesso de crítica, mas a decisão de se afastar do universo de "A Ameaça Fantasma" é um claro sinal de que ele sabe como agradar o coração dos fãs. Dos fãs, não dos críticos.


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