Folha de S. Paulo


A salvação da humanidade é a mulher, diz Frank Miller

Frank Miller sempre quis ver Batman dar uma surra em Superman. "Não consigo pensar numa história em que eles não estejam um avançando no pescoço do outro", disse o artista de 58 anos, em mesa realizada na segunda edição da feira de cultura pop Comic Con Experience, que terminou no domingo (6), em São Paulo.

E, no embate entre o homen de Krypton e o de Gothan City, o segundo leva a melhor, garante. (Aliás, questionado por um garoto da plateia sobre qual ator escolheria para fazer o Cavaleiro das Trevas no cinema, Miller não precisou pensar muito: "Clint Eastwood".)

Fabio Braga/Folhapress
Frank Miller na Comic Con

O quadrinista, pai da versão moderna de Batman -"O Cavaleiro das Trevas", de 1986-, vê Superman como um sujeito conservador, com uma intransigência de valores que seria inútil nos anos 1980.

Naquela época, Nova York se consumia numa onda de violência sem limites. Neste cenário, apenas um Batman radical e rebelde, que fugisse do bom-mocismo comum a heróis, poderia dar conta de salvar a humanidade.

"Não parecia ideal ter o Batman ainda em histórias infantis", disse. Por isso fez do alter ego de Bruce Wayne um sujeito mais irritado e, às vezes, moralmente duvidoso.

Como nos quadrinhos, em que Batman surge quando o povo mais precisa, Miller lançou a segunda série ("The Dark Knight Strikes Again") em dezembro de 2001, na sequência dos atentados às Torres Gêmeas em Nova York. A trama não foi baseada na tragédia, mas "é uma história sobre ganância sem limites e talvez se encaixe exatamente com a época", comenta Miller.

O artista divulgou na feira "Dark Knight 3: The Master Race", série recém-lançada nos EUA -com previsão de chegar ao Brasil no início de 2016-, que deve retomar o contexto social. Enquanto intolerância de todas as sortes devoram nações, "DK3" terá como foco um povo que se julga acima dos demais.

"No fim de 'DK2', a Terra está tomada por kryptonianos, uma raça superior na qual nem todos são bons. Quando os problemas surgem, apenas alguém louco para enfrentá-los -um louco que more numa caverna."

A terceira série parte deste ponto e o enfoque estará na nova geração de heróis -ou melhor, heroínas. "Eu adoro o fato de que a nova cara da esperança da humanidade sejam as mulheres", diz Miller.

Então, teremos Carrie Kelley como Robin e a presença de Lara, filha de Superman com Mulher-Maravilha.

RÁPIDAS DA CCXP

50% mais lojas
A edição deste ano teve aproximadamente 50% mais estandes que em 2014. De acordo com a assessoria do evento, foram 150 expositores nos quatro dias de feira (de 3 a 6 de dezembro), enquanto a primeira edição da CCXP teve cerca de cem. E a próxima já tem data: será de 1º a 4 de dezembro de 2016.

Organização
Muita gente reclamou da organização -sobretudo do fato de acabar precocemente com a mesa de Krysten Ritter e David Tennant (de "Jessica Jones", da Netflix), na sexta (4). Eles responderam duas perguntas e, em seguida, foram retirados abruptamente. Procurada pela reportagem, a Netflix não respondeu.


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