Folha de S. Paulo


Arlindo Barreto, o Bozo da vida real, encontrou Jesus e virou pastor

"Bozo era movido a cocaína na TV." Não tinha marmelada alguma na manchete de 24 de novembro de 1998 do "Notícias Populares".

Arlindo Tadeu Barreto Montanha de Andrade, 62, que encarnou o ídolo da criançada, ainda hoje lembra de cheirar pó a ponto de corroer seu nariz por dentro –diagnóstico de um médico do SBT, onde fazia seu programa.

Na cinebiografia "O Rei das Manhãs", o personagem inspirado nele, Bingo, se frusta por ser o anônimo mais famoso do Brasil, já que ninguém conhece seu rosto de verdade.

"É um floreio do roteirista. Nunca me senti mal por não ser identificado", conta Arlindo. O que o levou a chafurdar num fundo do poço cheio de uísque e cocaína (dupla favorita), diz, foi a morte da mãe.

Divulgação
Arlindo Barreto, ex-interprete do Bozo, hoje e pastor evangelico. Foto: Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Arlindo Barreto, ex-intérprete do Bozo

A atriz Márcia de Windsor (1933-1982), que começou como vedete no Copacabana Palace, era "a mulher mais elegante do país" para o filho.

Ele sempre levou jeito para "bon vivant". Colecionava carros luxuosos (Escort conversível, Alfa Romeo), namoradas (como Gretchen, "a Betinha", com quem atuou em 1979, em "Vamos Cantar o Disco, Baby") e gosto por drogas (curtia pó, maconha e ácido).

O tombo foi literal: em 1986, cortou o braço num acidente e perdeu "quase todo o sangue". O médico lhe disse: "Você acredita em Deus? Que pena, talvez Ele pudesse ajudar".

Arlindo se safou, casou com uma evangélica e se converteu. Foi avisar Silvio Santos: "Vou embora, encontrei Jesus". E o patrão: "Você não pode ficar com Ele aqui na TV?".

Preferiu não. Hoje pastor, personifica em alguns de seus cultos o Mr. Clown, "palhaço de Deus" que usa as cores do uniforme para pregar. "Digo às crianças: o vermelho vem do preço que Jesus pagou na cruz do calvário."


Endereço da página: