Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Obra diz que alemão levou Brasil à guerra ao contrariar Hitler

Um episódio que parece pontual, mas que levou a um evento importante na história brasileira do século 20. Assim podemos tratar o afundamento de navios mercantes brasileiros no mar do Nordeste, em 1942, pelo submarino alemão U-507. Foi o que fez o país entrar na Segunda Guerra (1939-1945).

O afundamento de navios por submarinos era considerado pelo primeiro-ministro britânico Winston Churchill (1874-1965) um dos aspectos mais preocupantes da guerra, pois, sem os suprimentos do Novo Mundo, seria impossível retomar a parte do Velho Mundo conquistada pelos nazistas.

O Brasil tinha ótima posição estratégica. A costa do Nordeste é o ponto do continente americano mais próximo da África. Forças baseadas na região poderiam patrulhar com facilidade essa "cintura fina" do Atlântico.

Considerado um trampolim aéreo para a África, o Nordeste viria a ser um dos pontos vitais da rede mundial de transporte aéreo de carga e de pessoal dos aliados.

É praticamente impossível permanecer neutro quando acontece uma guerra mundial. Os EUA avançavam na direção do estratégico Nordeste. Tinham planos de invadir a região se o Brasil não permitisse que aviões e navios americanos fossem ali instalados.

O autor resume bem o xadrez diplomático entre o país e os beligerantes aliados.

O Brasil foi cedendo aos poucos, mas sem comprometer a soberania e a honra. Os alemães não gostaram muito da coisa e planejaram uma grande "Operação Brasil" para criar uma catástrofe no litoral do país, com ataques por dez submarinos.

De maneira inédita, Durval Pereira narra como esse ataque foi abortado –até Hitler agiu sensatamente, mas ninguém contava com a iniciativa de Harro Schacht, o capitão do U-507 que excedeu suas ordens e atacou os navios brasileiros. É a grande revelação do livro.

O autor –um oficial do Exército– comete poucos erros técnicos. Por exemplo, o bombardeiro bimotor americano B-25 não era a "fortaleza voadora": este era o apelido do quadrimotor B-17. Além disso, o couraçado britânico HMS Royal Oak não foi afundado em 1941, mas em 1939.

Operação Brasil
Durval Lourenço Pereira
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O evento na costa nordestina não chega a ser algo "que mudou o curso da Segunda Guerra Mundial", como diz o título, mas foi bem influente, como o autor mostra ao relatar os importantes comboios de navios que passaram pelo país e a "ponte aérea" com a África, que muito ajudaram a estratégia aliada. (RBN)

Operação Brasil – O ataque alemão que mudou o curso da Segunda Guerra Mundial
AUTOR Durval Lourenço Pereira
EDITORA Contexto
QUANTO R$ 59,90 (336 págs.)


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