Folha de S. Paulo


Temporada 2016 do Theatro São Pedro terá 'Il Trovatore' e uma ópera inédita

Com uma temporada que reúne uma ópera inédita, "O Espelho", e outros quatro títulos pouco executados no Brasil, o Theatro São Pedro reafirmará, em 2016, sua proposta de levar aos palcos uma programação alternativa. Na lista, há também um blockbuster: "Il Trovatore", de Giuseppe Verdi, que encerrará a série. A venda de assinaturas começa no dia 3 de dezembro.

A primeira atração de 2016 vai lembrar os 400 anos da morte do escritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616). Numa parceria com o Theatro Municipal do Rio, o São Pedro fará seis récitas de "Dom Quixote", de Jules Massenet (1842-1912), em março.

"O último Massenet que tivemos aqui foi em 2012, com 'Werther', que eu mesmo regi, e o Municipal apresentou 'Thaïs' neste ano. Ele tem uma produção enorme e 'Dom Quixote' está entre as suas mais bonitas", diz o diretor artístico do Theatro São Pedro e regente titular da orquestra da casa, Luiz Fernando Malheiro.

Lenise Pinheiro/Folhapress
Sao Paulo,SP, Brasil. Data 16-11-2015. Espetaculo O Homem dos Crocodilos. Atores Arrigo Barnabe (esq) e Ana Amelia.Theatro São Pedro. Foto Lenise Pinheiro/Folhapress
Arrigo Barnabé (esq) e Ana Amelia em "O Homem dos Crocodilos", no Theatro São Pedro

"Adriana Lecouvreur", do italiano Francesco Cilea (1866-1950), será a atração de abril. A soprano Daniella Carvalho vai fazer o papel da atriz envenenada por uma princesa por causa de ciúme.

"Eu me surpreendi, porque achei que a ópera era conhecida de um público mais da minha idade, mas tem uma série de jovens que adoram 'Adriana'. Ela virou 'cult'", diz Malheiro. "Eles afirmam que é uma obra bonita."

Assim como em 2015 o São Pedro fez uma dobradinha, com "O Homem dos Crocodilos" e "Édipo Rei", ainda em cartaz, em 2016 outras duas óperas serão unidas num mesmo programa.

Serão a inédita "O Espelho", de Jorge Antunes, com libreto de Jorge Coli (que também fez o texto de 'O Menino e a Liberdade') e "O Anão", de Alexander von Zemlinsky (1871-1942).

A primeira se baseia em conto de Machado de Assis (1839-1908), e a segunda, em texto de Oscar Wilde (1854-1900).

"O espelho está presente nas duas. Numa ópera, o personagem principal só se sente atraente e bonito diante do espelho e, na outra, ele se descobre feio, o que não sabia, também ao ver sua própria imagem", diz Malheiro.

Para outubro, foi programada uma atração especial para as crianças: "Onde Vivem os Monstros", ópera de Oliver Knussen inspirada no livro de Maurice Sendak (1928-2012), que também foi adaptada ao cinema em uma produção homônima de 2009, dirigida por Spike Jonze.

Nessas récitas, a classificação indicativa, de dez anos para a temporada, vira livre. "Até barulho e manifestações durante a apresentação serão bem-vindas. O importante é as crianças participarem", diz Malheiro. Todas as récitas ocorrerão às 17h.

O encerramento será em novembro, com "Il Trovatore", de Verdi (1813-1901). "Não existe quem goste de ópera e não goste dela", diz Malheiro. "É uma obra sobre a qual existe certa mística de difícil do ponto de vista vocal, mas estou convencido de que consegui juntar cinco cantores que vão fazê-la muito bem, dentro da minha visão de não cortar nada da partitura."

Os escolhidos são o tenor Paulo Mandarino, o barítono Douglas Hahn, a soprano Tatiana Nogueira, a mezzo-soprano Ana Lucia Benedetti e o baixo Gustavo Lassen.

Lassen é um bom exemplo da política adotada pela casa. Ele é um dos integrantes da Academia de Ópera que passa a fazer parte de uma espécie de elenco estável do São Pedro, que levará ao palco principalmente cantores brasileiros. Em 2016, uma nova turma com 23 alunos, irá compor a Academia de Ópera.

As assinaturas, com preços que variam de R$ 120 a R$ 320, serão vendidas a partir de 3 de dezembro, na bilheteria do Theatro São Pedro (r. Barra Funda, 171. Tel. 11-3661-6600). Os ingressos avulsos, cujas vendas ainda não começaram, custarão de R$ 30 a R$ 80 para todas as récitas.


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