Folha de S. Paulo


Sergio Guizé vive caipira em busca da mãe em nova novela das 18h

O ator Sergio Guizé estende a mão com cinco cubinhos de cenoura para o burrinho Juca, que pastava mansamente pelo Parque da Luz, no centro de São Paulo, em uma tarde chuvosa de novembro. O animal come o legume enquanto recebe afagos do artista.

Para a novela "Êta Mundo Bom", próxima das 18h da Globo, que estreia em janeiro, é importante que o vínculo entre homem e sua montaria seja estreito.

Na trama, Juca será Policarpo, fiel companheiro do caipira Candinho, protagonista vivido por Guizé. "Às vezes trago um presentinho de casa para ele, para quando está descansando", conta o ator, numa pausa nas gravações.

Divulgação/TV Globo
****EXCLUSIVO ILUSTRADA!!!!!!!*****Cap 2 - Candinho ( Sergio Guizé ) em cena da novela
Sergio Guizé como Candinho e o burro Juca, que será Policarpo na novela 'Êta Mundo Bom'

Escrita por Walcyr Carrasco, a novela bebe em "Cândido" (1759), de Voltaire, e na versão que o livro ganhou no cinema brasileiro por Mazzaropi, em "Candinho" (1953).

Clássico iluminista, "Cândido ou o Otimismo" se reveza entre o tratado filosófico sobre o otimismo e o romance picaresco, ao submeter um jovem expulso de um castelo a provações.

Na versão de Walcyr, a história se passa na São Paulo dos anos 1940, onde Candinho procura pela mãe –uma milionária de quem foi separado ao nascer.

Além do afeto de Policarpo, ele conta com a amizade de Pancrácio (Marco Nanini), e do menino Pirulito, personagem do ator mirim J.P. Rufino, seu parceiro em trapalhadas, como tentar descolar alguns trocados vendendo um "tira-manchas" milagroso, que acaba estragando a roupa de um cliente em potencial.

CHAPLIN

As dificuldades não abalarão Candinho, que terá sempre na ponta da língua o dito: "Tudo o que acontece de ruim na vida da gente é para melhorar". Um otimista incansável, inspirado também, segundo ator, nos personagens de Charles Chaplin.

"Desde o começo pensamos nisso. Humildade, generosidade, otimismo. Queremos trazer essa moral dos anos 1940, com uma coisa lúdica. Vai ter uma ligação direta com o público", aposta Guizé.

Um universo ao qual Walcyr Carrasco, autor de novelas bucólicas como "Chocolate com Pimenta" e "O Cravo e a Rosa", retorna após o sucesso da recém-terminada "Verdades Secretas". Exibido na faixa das 23h, o folhetim abordou o lado obscuro da moda e temas pesados como prostituição e abuso de drogas.

"Desejava muito isso, pedi para escrever 'Candinho' antes de 'Verdades Secretas', mas fui convidado para uma novela das 23h", afirma Walcyr. "O projeto de 'Candinho' é anterior e se tornou um desafio para mim mesmo, por sair de um universo para o outro."

Em sua quinta novela e terceiro protagonista –depois do João Gibão, no remake de "Saramandaia"(2013), e o Caíque de "Alto Atral" (2014)–, o ator ainda fica ansioso com as gravações. "Nem durmo. Faço meditação, pulo corda, estudo", conta.


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