Folha de S. Paulo


'Legião Urbana é o show mais difícil que já fiz', afirma ex-David Bowie

David Bowie, Tom Waits e Thom Yorke (do Radiohead) foram fichinha perto de Renato Russo (1960-1996). O músico e ator paulistano André Frateschi, 40, cantou a obra "dessas pessoas não exatamente fáceis" nos últimos dez anos.

Desde 23/10, assumiu os vocais na turnê "Legião Urbana – XXX Anos". Acompanha o baterista Marcelo Bonfá e o guitarrista Dado Villa-Lobos cantando o primeiro disco da banda na íntegra (de "Será" e "Geração Coca-Cola"), mais hits como "Faroeste Caboclo".

"Tecnicamente, é o show mais difícil que já fiz. Renato tinha essa voz de barítono, mas chegava ao agudo sem esganiçar. Tem que respeitar, não é qualquer coisa, não."

Não é mesmo: quando estrear na capital paulista, sábado (7), enfrentará as dores e delícias de encarnar um dos roqueiros mais populares do país. Dado e Bonfá já cravaram que a turnê é comemorativa e não significa a "volta" da Legião. Só que novas formações podem enervar fãs –vide Zélia Duncan nos Mutantes e Adam Lambert no Queen. E tem Wagner Moura, que não saiu ileso ao "virar" Russo em tributo de 2012 na MTV.

Marlene Bergamo/Folhapress
ILUSTRADA - SAO PAULO - SP - Andrw Fratheschi, que sera o Renato Russo na nova formação da Legiao Urbana.. 04/11 /2015 - Foto - Marlene Bergamo/ Folhapress - 0717.
André Frateschi, 40, que substitui Renato Russo na nova formação da Legião Urbana

Frateschi, que atuou com Moura na minissérie "JK" (Globo, 2006), diz que vem recebendo mais louros do que tomates –há exceções como um rapaz que espinafrou no Facebook: "É muita prepotência".

Giuliano Manfredini, 26, filho de Renato e envolto em brigas judiciais com Dado e Bonfá, chama a banda de "autotributo, mais uma vez com um ator". "Para mim e para a maioria dos fãs, não existe Legião sem Renato", diz à Folha.

Para Frateschi, "a obra [do grupo] é muito importante para ficar embargada por qualquer motivo que seja". E a ideia, diz, nunca foi "ser" Renato. Conta que Fernanda Abreu o elogiou justamente por não imitar Russo no palco.

Vanessa da Mata, que já "reviveu" Clara Nunes (1942-83), até sugeriu que fosse a um pai de santo pedir a "bênção" do legionário. Ele, um "materialista dialético", confessa: "Nas madrugadas, sentia uma presença filha da mãe de Renato".

Frateschi não emula seu jeito de cantar nem seu figurino de "camisas esvoaçantes". Fisicamente, está mais para Bonfá, com franja lisa e clara.

Sua relação com os legionários vem de longe. É filho dos atores Denise Del Vecchio e Celso Frateschi. A mãe participava em 1985 de uma montagem de "Feliz Ano Velho", de Marcelo Rubens Paiva –próximo do grupo brasiliense.

André, uns dez anos mais novo que os músicos, virou mascote. Renato era mais distante. "Sempre foi na onda de não ter paciência para cuidar de criança no camarim."

Na época, presenteou com rosas brancas o cantor, que despedaçou o buquê no palco. "Ele não gostou", disse à mãe. Ouviu de volta: "Filho, aprenda: isso é arte". Em outra ocasião, a bordo do ônibus da Legião, "enganou" fãs distribuindo autógrafos no lugar dos músicos, muito cansados.

Casado com a cantora Miranda Kassin (cover de Amy Winehouse), Frateschi lançou seu primeiro disco autoral em 2014, "Maximalista", e hoje interpreta o marido de Mônica Martelli na série "Os Homens São de Marte". Mas é em torno da Legião que sua vida orbitará nos próximos meses. Após começar a turnê, escreveu no Facebook: "Foi o primeiro dia do resto da minha vida".

LEGIÃO URBANA
QUANDO sáb. (7), às 22h30
ONDE Espaço das Américas, r. Tagipurú, 795, tel. (11) 2027-0777
QUANTO R$ 80 a R$ 240, 16 anos


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