Folha de S. Paulo


Após breve exposição no Rio, coleção de arte de José Wilker será leiloada

Assim que os pais do artista Ivan Grilo souberam que José Wilker havia adquirido uma obra de seu filho, ficaram espantados.

"Eles se admiraram por um trabalho meu estar na casa do cara que era respeitado no cinema e na televisão", conta o paulista, cujo pai é jornaleiro e estava acostumado a ver Wilker nas capas de revistas.

O ator comprou outras peças suas, e só depois Grilo descobriu que ele era, na verdade, um colecionador de arte.

Essa faceta menos conhecida de Wilker, que morreu no início de 2014 e é lembrado por personagens como Roque Santeiro e Giovanni Improtta, de novelas globais, poderá ser vista pelo público numa exposição que acontece no Rio desta quarta (28) até terça (3), em Copacabana. Em seguida, as obras vão a leilão no mesmo local, no dia 5 de novembro.

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Samico da coleção de arte do José Wilker Crédito divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
"O Fruto Amargo ou a Ilha do Sonho", xilogravura de Samico

Entre as 104 peças, exemplares dos veteranos Cildo Meireles e Eduardo Sued estão ao lado de obras de artistas com trajetórias recentes, como Ivan Grilo e Pedro Victor Brandão. A coleção chega ao mercado desvalorizada, ainda que possua trabalhos de nomes consagrados, com representação em coleções importantes como o MoMa de Nova York e a Tate Modern, em Londres –caso da brasileira Jessica Mein e da peruana Sandra Gamarra, respectivamente.

Uma serigrafia de Sued, adquirida por R$ 25,5 mil, terá o lance inicial de R$ 12,5 mil. O óleo sobre tela "Gabinete I", Gamarra, comprado por R$ 40 mil, sairá a partir de R$ 8.000.

"Alguns artistas são novos, não estão em fase de revenda, então ainda não valorizaram. Quanto aos já consagrados, foram comprados em galerias e exposições, com preços diferentes dos praticados no mercado"diz Soraia Cals, organizadora do leilão.

Estão entre os itens no acervo de Wilker quatro etiquetas holográficas de Beatriz Milhazes, uma das artistas brasileiras mais em alta no segmento. Serão comercializadas por R$ 800 cada.

ATÍPICO

"Ele era um colecionador, mas atípico. Nunca fez investimento, comprava o que agradava os olhos", explica a filha do ator, Isabel.

Em 2013, por exemplo, Wilker se entusiasmou com uma escultura que estava decorando o quarto do hotel onde estava hospedado, no Recife. Descobriu que o autor era Eudes Mota e, após visitar o ateliê do recifense, saiu do local com mais de seis peças.

Isabel lembra, também, do dia em que seu pai conheceu o trabalho de Denise Araripe e arrematou mais obras do que sua casa comportava.

Duas delas foram parar nas paredes da garagem.

Em uma visita à residência do ator, o cineasta Beto Brant elogiou as oito xilogravuras expostas de Gilvan Samico. Acabou ganhando uma, que permanecia guardada no escritório do ator global.

Apaixonado por arte, Wilker não chegou a vender em vida, segundo sua filha Isabel, nenhuma obra que tenha adquirido para sua coleção.

COLEÇÃO JOSÉ WILKER
QUANDO exposição, das 12h às 21h; até 3/11; leilão, 5/11, a partir das 19h30
ONDE Atlântica Business Center, av. Atlântica, 1.130, Rio. Catálogo no site


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