Folha de S. Paulo


Ronaldo Fraga espalha amor pela São Paulo Fashion Week

Nesta São Paulo Fashion Week vale testar todas as formas de amor. Se Alexandre Herchcovitch abriu o evento no domingo (18) com uma leitura quase fetichista do sexo, no segundo dia de desfiles o mineiro Ronaldo Fraga preferiu discorrer sobre um amor sentimental, desses com poesia, olhares e romantismo.

O estilista foi o terceiro a desfilar no prédio da Bienal do Ibirapuera, onde ocorrem a maioria dos desfiles desta temporada de inverno 2016.

Sua coleção é abertamente inspirada no amor, segundo ele, tema escolhido devido ao tempo de guerra pelo qual o mundo atravessa. O desfile desta segunda-feira (19) tinha poesias queimadas em vestidos e camisões– "depois da cobrança o que fica é o amor", dizia um trecho do texto gravado na roupa.

Fraga aplicou o tema em camisolas, saias e maxipullovers e peças lânguidas usadas tanto por homens quanto por mulheres.

Nas estampas havia desde o amor visceral, representado por uma ilustração de um coração humano, ao mais ingênuo, reproduzido numa bolsa e num vestido de paetês que tinham o formato da versão mais fofa do órgão.

A seda, principal matéria prima do desfile, foi aplicada em diversas peças, mesclada a tiras de cetim que formavam tramas desconstruídas. "Daqui a 20 anos o vestido de seda vai ter mudado de cor e de forma. Achei perfeito [essa mudança] para simbolizar o amor", disse Fraga à Folha.

No final do desfile, como se quisesse reiterar sua ideia de amor incondicional, os modelos se dividiram em grupos para dividir as camas montadas no meio na passarela. A cena, que em nada remetia ao sexo, foi sucesso nas redes sociais dos convidados.

HÍBRIDOS

A seda também foi uma das bases da coleção de Vitorino Campos para a grife Animale, que abriu os trabalhos na Bienal do Ibirapuera.

Mais maduro e bem mais consciente do seu papel de vender uma nova imagem para a marca carioca, Campos empreendeu uma busca pelo corte perfeito e enveredou por um jogo de peso e leveza que remetem à arquitetura do japonês Tadao Endo.

As linhas diagonais das minissaias receberam acabamento em zíper para dosar a sensualidade escancarada de suas ninfas modernas.

O fetiche, um tema que deve permear boa parte desta temporada, foi traduzindo em vestidos de renda, tipo lingerie erótica, sobrepostos a amplos casacos de lã lisa e felpuda.

Esse jogo misto também permeou a coleção de invenro 2016 da Uma. A estilista Raquel Davidowicz falou de mobilidade urbana com sobreposições, leveza e botas fechadas para aguentar a corrida do dia a dia sobre o concreto das cidades.

A mulher que tem de aguentar o dia inteiro, entre o trabalho e a vida social, usa vestidos de tafetá de seda combinados a moletons desgastados e casacos esportivos que são feitos de um couro mole que mais parece náilon.

MISCIGENAÇÃO

Se na temporada passada era raro ver modelo negra na passarela, nesta, até agora, os estilistas parecem querer limpar a própria barra. Animale e Uma, por exemplo, colocaram ao menos quatro negras e algumas outras fora do padrão loiro, branco e de olhos claros.

VACAS MAGRAS

Os enormes lounges de marcas, comuns em edições passadas, deram espaço a revistas especializadas e órgãos institucionais do governo. A SPTuris, do município, disponibiliza quase R$ 7 milhões por ano à organização.

SEIS DESFILES DE HOJE
É preciso ter convite fornecido pelas marcas

10h30
> Vitorino Campos

12h30
> Iódice

16h
GIG Couture

17h
João Pimenta

18h30
PatBo

20h
Ellus

SÃO PAULO FASHION WEEK - 40ª EDIÇÃO - INVERNO 2016 RTW (READY TO WEAR)
QUANDO até sexta (23)
ONDE fundação Bienal de São Paulo (Parque Ibirapuera, portão 3, av. Pedro Álvares Cabral, s/n, tel. 5576-7600, Ibirapuera, São Paulo, SP)
QUANTO evento fechado para convidados


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