Folha de S. Paulo


Alexandre Herchcovitch abre SPFW com desfile sobre sexo e perversão

Friozinho de 18º C, meia-luz discreta, um pouco de couro e trilha sonora pesada formaram o clima ideal para Alexandre Herchcovitch falar de sexo em público.

No desfile que abriu a temporada de inverno 2016 da 40ª São Paulo Fashion Week, no domingo (18), o estilista fechou o hall da Prefeitura de São Paulo, chamou amigos, imprensa e até o prefeito, Fernando Haddad, e sua mulher para mostrar um inverno 2016 quase sadomasoquista.

Num exercício de esconder e revelar, o estilista brincou com elementos do sexo selvagem. Havia desde botas de couro, feitas em parceria com a marca Arezzo, até anéis penianos de metal fazendo as vezes de puxador do zíper.

Herchcovitch não dá seu temas de mão beijada: o elemento subversivo é o principal fio condutor de toda a sua trajetória e, nesta temporada, ele aparece numa mescla de recato e despudor.

Ora ele mostrava umbigos e pedaços das nádegas femininas, ora cobria as mulheres com casacos pesados, recortados em linha diagonal com zíperes. Por baixo do pano do recato, meias arrastão pretas.

"É uma história sobre amor e perda, perversão, sexo e poder", explica Herchcovitch à Folha. "Além disso, há um mix de tudo o que já fiz na moda, as inspirações do início da carreira, obsessões pelo corpo, modelagem e costura."

Entre as obsessões, a lingerie. O estilista iniciou a carreira na confecção da mãe, que costurava peças íntimas.

Tecidos nobres e clássicos, como cashmere, lã alpaca, cetim, tricoline e tule com elastano estão entre as matérias-primas da coleção.

A roupa íntima criada por Herchcovitch pode ser usada na rua. Os camisolões que as mulheres usavam em séculos passados –quando o sexo era um tabu e todo o corpo era escondido– viraram peças estampadas com listras.

Ele ainda recupera o xadrez, uma de suas marcas registradas, revisitado em looks como uma calça tipo culote, combinada com um top curto, casacos e um vestido que seria careta se não fosse um furo no umbigo.

Maquiagem e cabelo, criados por Celso Kamura e Robert Estevão, brincam com uma ideia de cabelo amassado, de quem passou horas na cama e acordou de uma noite movimentada. O olho delineado, com aspecto felino, completam o cenário sexualizado proposto pelo estilista.

Em êxtase, os convidados que acompanharam o desfile no Edifício Matarazzo saíram de alma lavada.

Após temporadas de emoções moderadas demais para o estilista, considerado o "maior do Brasil", neste desfile Herchcovitch relembrou os shows impactantes do início de sua carreira, quando comovia e inspirava com sua transgressão.


Endereço da página:

Links no texto: