Folha de S. Paulo


CRÍTICA

'Evereste' é mais um filme-catástrofe igual a todos os outros

"Evereste" é daquele tipo de filme cuja magnitude do tema e dos cenários nos leva a esperar mais do que eles têm para oferecer. Os riscos são extremos, os personagens enfrentam situações além dos limites e, no triunfo e no fracasso, a história põe em questão o eterno ideal de superação.

O aviso de que "é baseado em fatos reais" ainda agrega valor verídico à promessa oferecida ao expectador.

No fim da sessão, porém, é inevitável a impressão de que vimos o mesmo épico sobre montanhismo de sempre, com outro elenco, e não "o" filme na escala do Everest.

"O lugar mais perigoso da Terra", diz a frase no alto do cartaz do filme. Como a maioria dos mortais jamais se aventuraria num lugar daqueles, "Evereste" nos leva até lá por meio de um grupo heterogêneo para demonstrar que chegar ao topo do mundo não é ambição só de gente maluca.

Uma agência neozelandesa oferece pacotes que dessa vez junta a diversidade característica do "Homo turista".

Ali estão um carteiro de meia-idade, um texano em busca de um novo sentido para a vida saturada de conforto, uma japonesa que já escalou os picos mais altos do mundo e o repórter Jon Krakauer, que relatou a própria experiência de sobrevivência no livro "No Ar Rarefeito".

Os pequenos conflitos individuais em torno de concorrência, vaidade e afetos ocupam a maior parte da trama e adiam o grande desafio que todo mundo paga para ver, o embate entre a pequenez dos homens e as forças superioras da natureza.

Everest

As imagens da escalada e os minutos no cume são de fato espetaculares, só que logo em seguida o filme despenca no abismo.

Após atingir o ápice, em vez de ecoar alguma dimensão existencial ou metafísica do feito extremo, "Evereste" só prolonga a intensidade com uma sucessão de crises e emoções calculadas.

O que poderia vir a ser uma interpretação aprofundada dos programas do NatGeo termina como mais um filme-catástrofe igual a todos os que já vimos e ainda veremos.

EVERESTE
DIREÇÃO Baltasar Kormákur
ELENCO Josh Brolin, Robin Wright
PRODUÇÃO Reino Unido/EUA/Islândia, 2015, 12 anos
QUANDO estreia nesta quinta (24)


Endereço da página:

Links no texto: