Folha de S. Paulo


'Todos temos problemas com álcool e amor', diz diretor de filme sobre Amy Winehouse

Após sair de uma sessão do documentário "Amy", no Reino Unido, em julho deste ano, o jornalista do "Guardian" Paul MacInnes digitou seu nome ao lado do de Winehouse no Google: queria saber o tamanho de sua responsabilidade no desdobrar de eventos que levou à morte da cantora britânica, em 2011.

O filme terá sua pré-estreia nesta quinta (24), às 21h, no Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo como parte do Music Video Festival-plataforma de lançamentos de conteúdos audiovisuais.

O longa do britânico Asif Kapadia saiu aclamado no festival de Cannes, em maio, para tornar-se recorde de bilheteria no gênero no fim de semana de seu lançamento internacional.

"Acho que é um filme com o qual todos podem se relacionar. Todos temos problemas, pode ser com álcool, drogas, amor ou coisas ordinárias. A música era apenas parte da história", diz o diretor à Folha.

Responsável também pelo documentário "Senna" (2010), sobre o piloto brasileiro morto em 1994, Kapadia conta que "Amy" aconteceu graças ao sucesso do primeiro. Ambos abordam, de forma quase ficcional, a ascensão à fama.

Amy Trailer

Feito com imagens de arquivo e áudios de cem entrevistas com amigos e familiares, "Amy" acompanha a precoce carreira da cantora, partindo de sua adolescência, passando pelo sucesso do álbum "Back to Black", sua conturbada vida amorosa e sua morte, aos 27, por intoxicação alcoólica -tudo registrado abundantemente pela mídia.

Para o diretor, apesar do pouco tempo passado desde os acontecimentos, este era um momento adequado para a produção. "É uma história sobre o mundo que vivemos hoje. Sobre os jornais e os programas de TV que humilham as pessoas", explica.

"Nós alimentamos isso, como audiência. O filme fala sobre nossa cumplicidade."

Kapadia cita o "Pânico", da Band, como exemplo. O programa tinha um quadro em 2008 no qual um humorista -portando peruca, vestidos decotados e um laço de fita no cabelo- saía pelas ruas agindo insanamente.

Além de "virar um espelho para a mídia", o filme levantou polêmica com a família da cantora. O pai, Mitch Winehouse, chamou o documentário de "enganoso".

"Eu fiz da única forma que podia, mostrando como as pessoas ao redor de Amy tomaram uma série de decisões que não foram boas para ela."

O verso escrito pela cantora, "My dad thinks I'm fine" (meu pai acha que estou bem), de "Rehab", toma contornos reais com uma declaração dada por Mitch no longa. Ele conta como, em determinado momento da carreira da filha, de fato disse a ela para não se internar.

PRÉ-ESTREIA DE 'AMY'
QUANDO quinta (24), às 21h30
ONDE Museu da Imagem e do Som, av. Europa, 158, (11) 2117-4777
QUANTO grátis, ingressos distribuídos 2h antes


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