Folha de S. Paulo


Madonna aposta na nostalgia em nova turnê, 'Rebel Heart'; ouça o setlist

Madonna ainda tem algo a dizer? Afinal, são mais de 30 anos de shows, imagens, personagens e polêmicas. No show da Rebel Heart Tour realizado nesta quarta (16), em um Madison Square Garden lotado, em Nova York, a cantora mostrou que, no mínimo, ainda tem uma carta na manga: a nostalgia.

E clássicos não faltam nesta turnê. Das 29 músicas do show, 16 são hits consagrados. Em pleno 2015, só Madonna pode se dar ao luxo de viajar o mundo, cobrar preços astronômicos pelos ingressos de seus shows e oferecer ao público uma compilação imbatível de sucessos.

A extravagância pode ser dividida em dois momentos. O primeiro, mais frio e pomposo, é a Madonna "atual e antenada". Mistura a série "Game of Thrones" com samurais. Um exército de guerreiros escolta a cantora em "Iconic". A performance lembra as cenas épicas de Khaleesi na série da HBO. Na sequência, a coreografia de "Bitch I'm Madonna", com leques chineses, mira o Oriente. E já na terceira música, Madonna resolve chocar.

"Holy Water" é acompanhada por dançarinas vestidas de lingerie e véu de freiras sensualizando em postes em formato de cruz. Na sequência, o famoso rap de "Vogue" é acompanhado, no telão, por imagens de figuras religiosas renascentistas ilustrando os nomes das estrelas de Hollywood citadas na letra da música. A clássica fórmula de sexo e religião surge quando a cantora faz uma paródia herege da Santa Ceia.

A segunda metade do show é a mina de ouro do espetáculo. Madonna aposta no catálogo antigo e manda "Like a Virgin" (numa versão proibidona, com batidas) e encarna Frida Kahlo (em figurino assinado pela Gucci) para cantar um medley de "Dress You Up", "Into the Groove" e "Lucky Star". "Who's That Girl" aparece numa versão acústica. Os fãs choram.

"Eu sou uma sobrevivente", ela os consola, ao relembrar a primeira vez em que tocou no Madison Square Garden 30 anos atrás, com sua primeira turnê, e agradecer o apoio dos fãs que a mantêm na ativa por tanto tempo.

Clique e navegue pelo especial "No Palco com Madonna"

Editoria de Arte/Folhapress
No Palco com Madonna - Cantora estreia hoje sua décima turnê em 30 anos de carreira. Confira o especial da Folha com tudo o que você precisa saber sobre os shows da popstar.
No Palco com Madonna - Cantora estreia hoje sua décima turnê em 30 anos de carreira. Confira o especial da Folha com tudo o que você precisa saber sobre os shows da popstar.

No momento mais fofo do show, ela puxa um ukelele e canta "True Blue", retomando o hit de 1986 que havia sumido de seu repertório, e a arena canta junto.

A partir deste momento, fica evidente que as coreografias estão mais elegantes e menos puxadas para a cantora. Para compensar, Madonna toma emprestado recursos cênicos da Broadway e utiliza uma escada suspensa para destilar sua desilusão em "Heartbreak City" e "Love Don't Live Anymore" (outro aceno ao passado). Já em "Illuminati", bailarinos pendurados em bastões gigantescos impressionam na coreografia arriscada.

O tombo no palco do Brit Awards, em fevereiro, deixou a cantora traumatizada. Mas ela não dá o braço a torcer e recria a performance no show do jeito que havia planejado, trajando uma longa capa que ocupa quase toda a passarela do palco. E haja tecido! No quesito figurino, destaque para o visual showgirl, à la Josephine Baker e dançarinas de cancan dos anos 1920 assinado pelo estilista Jeremy Scott para a Moschino.

No último bloco do show, o visual art deco domina o palco e Madonna surge coberta de cristais Swarovski. Com vocal inspirado, ela canta "La Vie en Rose", o hino de Piaf, com francês irrepreensível. Na sequência, ela chama ao palco a comediante Amy Schumer, que abrira o show, para acompanhá-la na dança em "Unapologetic Bitch" e ser presenteada com uma —banana!

"Music" e "Holiday" encerram a festa e Madonna é erguida para o topo do palco no final apoteótico. É um show divertido, leve e despretensioso. O setlist é eclético e equilibra hits antigos com músicas novas. E é emocionante ver como Madonna parece estar realmente se divertindo durante a festa.

Depois de ditar os rumos da música pop pelas últimas três décadas, Madonna ganhou o direito de relaxar e vasculhar seu próprio baú. Se ela ainda tem algo a nos dizer, descobriu que a resposta está na sua própria história.

Colaborou RENATO BARRETO

Ouça o setlist do show:

P.S.: Falta na playlist o cover de "La Vie en Rose", de Edith Piaf, que Madonna fez entre "Material Girl" e "Unapologetic Bitch"

Turnê "Rebel Heart", de Madonna


Endereço da página:

Links no texto: