Carlinhos Brown debaixo de uma chuva de garrafas plásticas de água atiradas pelos fãs headbangers do Guns N' Roses se transformou, em 2001, numa das mais divertidas imagens da história do Rock in Rio. Para completar a graça, um dos hits do cantor baiano é "Água Mineral".
Por trás dessa recordação está exposto um dos problemas do festival, que parece, finalmente, bem solucionado em sua edição 2015, que começa nesta sexta (18): o relacionamento entre as atrações (e seus públicos) divididas entre pop e rock.
Cada anúncio do line-up de uma nova edição do festival causa imediata revolta entre roqueiros nas redes sociais. A reclamação é que tem mais música pop do que rock, alguns sugerem que o nome do evento mude para Pop in Rio e outras piadas.
Na verdade, a mistura está presente desde o primeiro Rock in Rio, que comemora 30 anos. A escalação tinha AC/DC, Iron Maiden, Ozzy Osbourne e outros, mas também abria espaço para George Benson, Ivan Lins e Elba Ramalho. Porém isso não atenua a reclamação dos roqueiros.
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| Corey Taylor da banda Slipknot e a cantora Rihanna; ambos se apresentam nesta edição do Rock in Rio |
Nesta edição, a produção do Rock in Rio foi draconiana: dia de rock só tem atrações de rock, e dia de pop traz uma mistura palatável para tribos variadas.
Nos dias 19, 24 e 25, que têm como atrações principais, respectivamente, Metallica, System of a Down e Slipknot, desde as 15h o gênero heavy metal se impõe nos dois palcos do festival.
O Metallica fecha um dia que tem Noturnall, Angra, Ministry, Korn, Gojira, Royal Blood e Mötley Crüe.
System of a Down se apresenta depois de Project 46, John Wayne, Halestorm, Lamb of God, Deftones, CPM 22, Hollywood Vampires e Queens of the Stone Age.
Talvez um fã mais radical de rock pesado ache estranho nessa lista o som um tanto emo dos brasileiros do CPM 22, mas a banda é bem acelerada no palco, deve agradar.
No dia do show de terror e máscaras do Slipknot, a escalação começa meio esquisita, com o projeto brasileiro Clássicos do Terror, mas depois engrena o som pesado com Moonspell, Nightwish, Steve Vai, De La Tierra, Mastodon e Faith No More.
Apesar do DNA roqueiro, Queen e Rod Stewart já deixaram pegadas em terreno mais pop, e por isso não é estranho que encerrem noites mais tranquilas e variadas nos dias 18 e 20 –este com uma programação claramente para um público mais maduro; além de Rod tem Elton John, John Legend e Seal.
Nos últimos dias do Rock in Rio, Rihanna (26) e Katy Perry (27) não deixam dúvidas sobre o caráter superpop da programação.
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ERROS QUE DESPERTARAM FÚRIA E DESPREZO
Confira casos de artistas que não estavam no seu dia:
2001
Carlinhos Brown entrou no palco de cocar. Foi o bastante para os fãs do Guns N' Roses atirarem garrafas e o que mais tivessem na mão.
1985
Logo na abertura do festival, Ney Matogrosso, Baby do Brasil & Pepeu Gomes e Erasmo Carlos subiram ao palco diante de um mar de camisetas pretas. Os fãs do Iron Maiden os receberam com vaias potentes.
1991
Na única edição do festival realizada no Maracanã, Lobão foi hostilizado até interromper seu show, debaixo de vaias e objetos atirados ao palco por fãs da banda brasileira Sepultura.
| Ana Carolina Fernandes/Folhapress | ||
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| O cantor e compositor Carlinhos Brown durante show no Rock in Rio em 2001 |
2011
No primeiro dia do festival, Elton John se apresentou entre as cantoras Katy Perry e Rihanna. O público de 100 mil pessoas, quase todas adolescentes, não deu bola e esvaziou o show do tiozão.
2013
Saudado como o grande nome do festival, Bruce Springsteen tocou depois do guitarrista galãzinho John Mayer. Uma grande parte do público, a facção mais jovem presente, deixou a Cidade do Rock antes do show matador de Bruce.