Folha de S. Paulo


Liminar proíbe Cinetério no Cemitério da Consolação; evento acontecerá atrás do local

Uma liminar impedirá o Cemitério da Consolação de, neste sábado (12), receber o Cinetério, evento que faz parte do Mês de Cultura Independente exibindo filmes de terror dentro do espaço. A sessão de cinema acontecerá na rua Mato Grosso, atrás do cemitério, às 22h.

O pedido do cancelamento do evento foi feito, segundo publicado pela página do Serviço Funerário do Município no Facebook, por Antonio Donizete Pereira e a liminar, assinada pelo juiz Marcelo Theodosio.

"Como isso só chegou para a gente ontem à noite, não houve tempo de reverter", afirma o secretário municipal de cultura, Nabil Bonduki. "E como já estávamos com toda a estrutura alugada para o evento, e havia a expectativa das pessoas, vamos fazê-lo na rua Mato Grosso."

Divulgação
Cena de
Cena de 'Amantes Eternos', de Jim Jarmusch, um dos filmes que serão exibidos no Cinetério

Segundo o secretário, o motivo citado no pedido de cancelamento seria a grande quantidade de pessoas atraídas para o evento que, em 2014, primeiro ano do Cinetério na Consolação (ele ocorre desde 2007 no Cemitério Vila Nova Cachoeirinha), causou tumulto na entrada e superlotação.

"O que ele [o requerente] colocou foi que no ano passado, quando houve um evento semelhante, houve um número excessivo de pessoas e isso danificou os túmulos", diz Nabil. "Esse cuidado nós tomamos agora, havia uma restrição do número de pessoas e a distribuição dos ingressos não foi feita no próprio local, para não se gerar tumulto."

O Cinetério é alvo de críticas de parentes dos mortos enterrados no Consolação desde o ano passado, que dizem considerá-lo desrespeitoso.

"Eles fazerem isso outra vez é um acinte. É uma violação de um lugar sagrado," afirma o engenheiro Marcos Ambrogi, do Movimento de Defesa do Cemitério da Consolação.

Para Nabil, no entanto, o evento é uma forma de revitalização do espaço. "Tem de haver um debate público sobre isso, mas ninguém está desrespeitando as pessoas que estão ali, pelo contrário."

A Folha não conseguiu localizar o juiz Marcelo Theodosio e Antonio Donizete Pereira.


Endereço da página:

Links no texto: