Folha de S. Paulo


análise

Moda embala preconceitos em capa de bom-mocismo

Elementos surpresa são comuns na moda. Sempre em busca do "inusitado", ou da "beleza exótica", a indústria quer provar ao mundo que se renova, se desgarra de preconceitos e abraça a diversidade de raças, idades, pesos e anomalias genéticas.

Leia reportagem sobre tendência que leva modelos com Down, albinismo e vitiligo às passarelas.

Garotas como a australiana Madeline Stuart, 18, portadora de síndrome de Down que desfilará na semana de moda de Nova York, e a canadense Chantelle Winnie, 21, com vitiligo, descoberta em 2014 no "America's Next Top Model", são exemplos dessa "democratização" de estilos.

O bom-mocismo das marcas que apostam nessas mulheres, porém, é tão fugaz quanto as coleções que duram seis meses nas araras.

Winnie, protegida pelo fotógrafo pop Nick Knight e pelo estilista londrino Ashish, só emplacou duas peças publicitárias. Em ambas, surgiu como ferramenta de composição, ora entre modelos "normais" (Diesel), ora como ornamento das estampas da Desigual, multicoloridas como sua pele. Para a próxima temporada, ainda não é "musa" de nenhuma grife.

Assim como Chantelle, Madeline quer quebrar preconceitos. Segunda modelo com Down na passarela nova-iorquina —em fevereiro, a estilista Carrie Hammer apostou em Jamie Brewer, 30, também com a síndrome—, ela espera "mudar a percepção da sociedade" sobre sua condição.

Brewer até agora não conseguiu contrato com marcas. Suas atuações mais famosas foram na série "American Horror Story", com papéis como uma bruxa e um ventríloquo.

É inquestionável o valor dessas aparições na autoaceitação das pessoas com tais características. Mas, ao usá-las para gerar falatório e incrementar o faturamento, as etiquetas provam só ser boas em seguir a tendência.

Na última temporada, modelos idosas estavam em alta. Nos desfiles de alta-costura em julho, menores de 16 anos voltaram a ser as preferidas. É que o valor do ser humano, para a moda, é proporcional ao tempo em que ele figura no noticiário.

Leia reportagem sobre http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/09/1678464-modelos-com-down-albinismo-e-vitiligo-sao-aposta-nas-passarelas.shtml


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