Folha de S. Paulo


Revista feminista on-line estreia com editorial inspirado em mulheres históricas

João Viegas/"AzMina"
João Viegas/
Foto do editorial de lançamento da revista "AzMina" com look inspirado em Dandara dos Palmares

A revista digital "AzMina - para mulheres de A a Z" , dirigida pela jornalista Nana Queiroz (criadora do movimento "#nãomereçoserestuprada" e autora do livro "Presos que Menstruam" ), será lançada nesta terça-feira (1º) com um editorial de moda em que modelos de diversos padrões físicos vestem versões modernas dos looks de grandes mulheres da história.

A artista mexicana Frida Kahlo, a rainha Cleópatra e Dandara dos Palmares, companheira de Zumbi que liderou o quilombo ao seu lado, são algumas das personalidades revisitadas no ensaio do fotógrafo João Viegas, com styling de Babi Bowie.

O site da "AzMina", que irá ao ar às 9h, conseguiu levantar R$ 50 mil em uma campanha de financiamento coletivo que contou com a contribuição de personalidades como o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e a cartunista Laerte.

O carro-chefe da primeira edição será uma reportagem investigativa sobre condições de trabalho precárias em fábricas de roupas na China. Assinada por Nana e outras duas repórteres, a matéria contou com apurações na China, Estados Unidos, Brasília e São Paulo.

"Fomos a seis fábricas, nos passando por um potencial comprador, e tiramos fotos com câmera escondida que mostram até crianças correndo descalças em locais cheios de agulhas", relatou Nana à Folha.

Além de reportagens e ensaios, a revista contará também com colunas de opinião. Uma delas será assinada por Luisa Marilac —que ficou famosa em 2010 ao publicar um vídeo em que bebia "bons drink" em uma piscina—, e se chamará "Mulher, Trans".

FINANCIAMENTO

Para manter a publicação, a revista aposta em um modelo de captação misto: crowdfundings contínuos, editais, fundos de ONGs de estímulo ao empoderamento feminino e anúncios "amigos da mulher".

"São anúncios que não usam modelos esquálidas, rejeitam mensagens machistas, heteronormativas ou que diminuem a capacidade ou o intelecto das mulheres, como muitos que vemos por aí. A ideia é que só anunciem conosco marcas convidadas", explica Nana.

"Em suma, editorializamos o conteúdo publicitário também e escolhemos cada anunciante a dedo. Só podemos fazer isso porque não vivemos exclusivamente de anúncio", conclui.

AzMina terá ainda uma loja virtual com camisetas, porta-cervejas e outros itens que ajudarão a subsidiar a revista.

A revista surge na toada de outros sites feministas brasileiros na internet, como o "Think Olga", da campanha "Chega de Fiu-Fiu" e a revista "Capitolina", voltada ao público adolescente.


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