As visões do futuro nunca foram tão sombrias. Parece que todos esperam um mundo cada vez pior, e não há motivos para pensarmos no contrário. Estamos mesmo no século da distopia.
"Expresso do Amanhã", de Joon-ho Bong, é mais um filme pós-apocalíptico que estreia agora no Brasil, com inexplicáveis dois anos de atraso.
Para um filme com Chris Evans ("Capitão América"), Jamie Bell (o eterno Billy Elliot –filme ruim é como sarna) e os interessantes Tilda Swinton, John Hurt e Ed Harris é surpreendente essa demora.
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Chris Evans (à frente), Luke Pasqualino, Ahsung Ko e Kangho Song (último, no fundo) |
Na trama, um experimento climático deu errado, provocando uma nova era glacial. Só sobreviveram os poucos que embarcaram num gigantesco trem, uma espécie de arca mecânica (em referência à arca de Noé).
Nesse lar sobre trilhos, contudo, estão reproduzidos os mesmos conflitos de classe de antes, com uma maioria escravizada, que vive no fundo do trem e é tiranizada por uma minoria insana.
Curtis (Evans) e Edgar (Bell) estão entre aqueles que resolvem se rebelar. Para tentar mudar as coisas, precisam chegar ao primeiro vagão do trem.
Devem enfrentar uma série de obstáculos e passar por diversos níveis, como numa mistura de videogame com excursão escolar (passam por uma estufa de plantas, um restaurante-aquário, um vagão-escola, entre outras esquisitices).
O roteiro do próprio Joon-ho Bong e de Kelly Masterson, baseado na graphic novel francesa "Le Transperceneige", não faz questão de esconder que tudo não passa de uma bobagem. Mas a história em si não interessa em cinema. O que importa é a maneira como a história é contada.
O diretor sul-coreano chega a seu quinto longa-metragem, o primeiro com elenco multinacional, repetindo a atmosfera de tensão que caracterizou seu melhor trabalho até aqui: "O Hospedeiro" (2006).
Em alguns momentos, chega perto da excelência. Em outros, beira o infantil. Mas não deixa de ser interessante sua visão de mundo, em que o sadismo encontra um humor inusitado, e sua habilidade em trabalhar num cenário exíguo com uma galeria de personagens bizarros.
O elenco de apoio está muito bem. Principalmente Tilda Swinton, caracterizada como uma vilã de desenho animado, cheia de cacoetes e com jeitão de cientista maluca. Ed Harris também impressiona como o grande vilão Wilford, que só aparece nos minutos finais do longa.
"Expresso do Amanhã" está longe de ser um grande filme, mas não se pode dizer que é esquecível.