Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Apesar de inovador, terror 'Corrente do Mal' não empolga

Em seu segundo longa, o americano David Robert Mitchell tenta renovar o subgênero do "slasher", terror com assassinos que trucidam aleatoriamente vítimas. Mitchell inventou um registro original, combinando os códigos do subgênero com a crônica adolescente, na qual a sexualidade tem lugar importante.

Jay (Maika Monroe), uma estudante de 19 anos, tem uma experiência sexual com um rapaz e em seguida passa a ter visões nas quais é perseguida por uma estranha entidade decidida a matá-la.

O rapaz diz a ela que a única maneira de se livrar da maldição é transmiti-la a alguém pelo sexo. Jay precisa então decidir se segue o conselho do rapaz ou se enfrenta a entidade com a ajuda de amigos.

Divulgação
Créditos: Divulgação Legenda: Cena do filme
Maika Monroe é perseguida por uma maldição transmitida pelo sexo em 'Corrente do Mal'

Como rezam os códigos do subgênero, as vítimas são adolescentes, os momentos de suspense são desenvolvidos por meio de perseguições, a trilha sonora emula a música eletrônica repetitiva das obras de John Carpenter –referência desse tipo de filme.

Mas o diretor inova fazendo do assassino uma misteriosa entidade –e não um psicopata–, que assume sucessivamente as feições de uma mulher nua, crianças e idosos. Outra novidade é que somente Jay pode vê-la, o que multiplica sua angústia.

Ao adotar o sexo como via de contágio da maldição, como algo ao mesmo tempo libertador e punitivo, Mitchell alude ao temor adolescente em relação às doenças sexualmente transmissíveis e critica de passagem o puritanismo da sociedade americana.

Apesar das novidades, o resultado não empolga: os atores são limitados e a manipulação do suspense tem altos e baixos, o que não ajuda o sobressalto do espectador.

CORRENTE DO MAL (It Follows)
DIREÇÃO: DAVID ROBERT MITCHELL
ELENCO: MAIKA MONROE, KEIR GILCHRIST, DANIEL ZOVATTO
PRODUÇÃO: EUA, 2014
CLASSIFICAÇÃO: 14 ANOS
QUANDO: ESTREIA NESTA QUINTA (27)


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