Folha de S. Paulo


Domésticas se emocionam em pré-estreia de 'Que Horas Ela Volta?'

"É real, muito real", murmurava baixinho uma mulher, olhos marejados, sentada duas poltronas atrás da reportagem no Cine Belas Artes no último domingo (24).

A fala era uma resposta a uma pergunta da diretora Anna Muylaert ao público daquela sessão, uma pré-estreia gratuita de "Que Horas Ela Volta?" voltada a domésticas.

"Vocês acham que o filme passa uma coisa real?", indagara Muylaert às 40 pessoas que foram à exibição.

Luciano Bortoluzzi/Divulgação
Sessão para empregadas domésticas do filme
Anna Muylaert com a babá Edna Silva, que inspirou o filme

Metade eram mulheres, que compartilharam, no debate após a exibição, histórias parecidas com a de Val (Regina Casé) –uma pernambucana que vive em São Paulo, longe da filha, e cria o filho da patroa com dedicação de mãe.

Uma delas era Edna Silva, que trabalhou como babá de Joaquim, filho da cineasta, durante cinco anos e foi a grande inspiração do longa.

"A personalidade da Val é a da minha babá de infância e a história, a da Edna com sua mãe, Zeli", conta a diretora.

Baiana, Edna só conheceu a mãe, também doméstica, aos 17 –o pai proibia que as duas se vissem. Diz ter se emocionado com o final de Val e sua filha, Jéssica, em uma cena que utilizou a sua própria casa no Campo Limpo, zona sul de São Paulo, como locação.


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