Há três anos os Titãs lançaram um DVD ao vivo para celebrar a turnê de 25 anos do álbum "Cabeça Dinossauro". Por isso, a banda soltar agora o registro de um show de sua turnê atual poderia ser exagerado. Mas não é.
O DVD "Nheengatu Ao Vivo", também lançado em CD, se justifica pela condições especiais do show gerado a partir do CD "Nheengatu" (2014).
Em primeiro lugar, a novidade mais óbvia: as máscaras de palhaço assustadoras que eles usam na parte inicial do show, quando despejam na plateia as músicas do último disco, de sonoridade pesada.
"A turnê do 'Cabeça', com rock forte, influenciou muito o disco. Parecia que recuperávamos o DNA dos Titãs, essa coisa contundente, agressiva", diz Paulo Miklos à Folha. "Acho que no fundo somos uma banda de punk rock. A gente gosta disso", complementa Tony Bellotto.
| Eduardo Knapp/Folhapress | ||
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| Sergio Britto, Tony Belloto, Branco Mello e Paulo Miklos, do Titãs |
No meio do debate sobre músicas mais agressivas, Branco Mello saca o celular do bolso e mostra ao repórter fotos da festa de aniversário de um menino que montou a decoração usando os Titãs-palhaços como tema. Decorando o bolo, bonecos dos quatro músicos mascarados.
"A ideia foi do diretor do clipe da canção 'Fardado', o Oscar Rodrigues Alves. Ele deu a ideia de que a gente aparecesse maquiados como 'scary clowns', palhaços de filme de terror", conta Bellotto. "Era maquiagem, depois veio a ideia das máscaras", explica Branco.
Para a confecção, eles sofreram muito para fazer os moldes. A criação ficou por conta de Jesus, profissional de teatro que tinha a missão de criar algo fácil de ser usado e que deveria ser retirado rapidamente durante o show.
"Uma vez a máscara apertou meu maxilar, simplesmente eu não conseguia cantar. Tivemos de cortá-la para que a voz saísse", recorda Miklos.
| Titãs - Nheengatu (CD) |
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Um medo deles é que, ao retirar as máscaras, grudadas a perucas, ficasse na cabeça de algum uma redinha usada no cabelo. "Mas isso ainda não rolou. O Alberto Roberto ainda não apareceu no show", brinca Branco, referindo-se ao personagem de ator canastrão criado por Chico Anysio que usava sempre uma rede nos cabelos.
A segunda novidade do show é justamente uma banda tocar muitas músicas do disco mais recente, deixando menos espaço para os hits. "Acho que o público gosta. Essa coisa contundente está ligada ao momento do Brasil. Algumas músicas foram inspiradas nas manifestações de 2013", diz Bellotto.
Sérgio Britto diz que não gosta do governo que está aí, mas ainda se sente uma pessoa de esquerda. "A polarização é burra. Não sou coxinha. Você não deixa de ser de esquerda porque discorda de outros da mesma orientação."