Folha de S. Paulo


Contra crise, Instituto Inhotim põe suas galerias para 'adoção'

O Instituto Inhotim, museu de arte contemporânea do empresário Bernardo Paz nos arredores de Belo Horizonte, está oferecendo suas galerias para "adoção". Espera assim depender menos de recursos vindos de leis de incentivo fiscal e do bolso do proprietário.

Ou seja, empresas e pessoas físicas poderão bancar a construção e a manutenção de pavilhões do museu famoso por grandes instalações, assinadas por estrelas da arte e espalhadas por jardins tropicais.

Depois de adiar três vezes a inauguração de uma galeria com obras da artista Claudia Andujar, o Inhotim anunciou para novembro a estreia do espaço –o primeiro "adotado" por um patrocinador privado.

Na fila, estão projetos de pavilhões dedicados a Ernesto Neto, o indiano Anish Kapoor e o dinamarquês Olafur Eliasson, que devem sair do papel só depois que um apoiador estiver garantido –o custo dessas empreitadas varia entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões.

Também está em estudo reconfigurar a galeria com peças em grande escala de Cildo Meireles –que passará a ter o mesmo ponto de entrada e saída para evitar que visitantes pulem trabalhos no percurso.

Segundo Antônio Grassi, diretor-executivo do Inhotim, outras galerias já existentes, como as de Adriana Varejão e Tunga, também buscam apoio.

Essas mudanças refletem a crise econômica do país. O mercado de minério sofre com a retração chinesa, o que afeta numa tacada só a Vale (entre os principais patrocinadores) e Paz, que também atua no setor. A ordem no Inhotim é não depender tanto de Lei Rouanet e verbas próprias.

Dos R$ 42 milhões de orçamento anual, R$ 15 milhões vêm de incentivo fiscal, R$ 13 milhões de bilheteria e aluguel de espaços para eventos. O outro terço é bancado por Paz.

Segundo Grassi, a estratégia será reduzir ao máximo o volume gasto pelo dono. Isso renderá presença mais ostensiva dos nomes de patrocinadores e logomarcas de empresas mais visíveis no museu.


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