Folha de S. Paulo


Veja as tendências da fotografia na próxima edição da feira SP-Arte/Foto

Braço dedicado à fotografia da feira SP-Arte, a SP-Arte/Foto abre sua nona edição na cobertura do shopping JK Iguatemi, em São Paulo, no dia 19 de agosto. Desde que surgiu, o evento criou um espaço acirrado de disputa no mercado de arte, que encontrou nos colecionadores de fotografia um novo —mas não menos exigente— público comprador.

Na próxima edição, isso deve ficar evidente com o volume de imagens raras à venda e, também, pela presença avantajada de certos modismos na fotografia contemporânea. De peças clássicas de fotógrafos como o francês Robert Doisneau, que tem na feira retratos de Picasso e Giacometti, a experimentos recentes de artistas mais jovens, como Sofia Borges, Adriana Duque e Yuri Firmeza, o espectro da feira parece se ampliar.

Entre os nomes em alta nesta edição, estão Alair Gomes, mestre do homoerotismo no país que vem sendo relembrado numa série de exposições, além de Adriana Duque, a artista colombiana que ficou famosa neste ano ao acusar a grife Dolce & Gabbana de plagiar os fones de ouvido que ela inventou para suas fotografias.

Nesse sentido, uma ala inteira da SP-Arte/Foto deve atestar o que há muito já se entende por nova realidade fotográfica, em que imagens encenadas ou performadas diante da câmera parecem tomar a dianteira sobre a fotografia documental. Além de Duque, que reencena poses e vestimentas de quadros rococó em seus retratos, há imagens montadas, como os bonequinhos que remetem a contos de fada de Katia Canton e a fotoperformance de Lenora de Barros, em que se retrata mordendo a imagem de uma máquina de escrever.

Outras tendências também aparecem na feira. Talvez a mais evidente —e em grande parte banal— seja a fotografia de paisagem. Um gênero clássico, esse tipo de imagem, que põe em primeiro plano uma natureza às vezes virgem e idealizada e às vezes ultrajada, vem sendo atualizado com algum ou nenhum sucesso por uma leva de artistas —respondem por essa ala do evento nomes como Cristiano Mascaro, Sebastião Salgado, Christian Cravo, Caio Reisewitz, entre outros.

Numa ponte entre o retrato documental, idealizado ou não, da natureza e a tentativa de lançar novos olhares sobre as metrópoles mais surradas, Lucas Lenci é um artista que está na feira com a fotografia de uma grande cidade poluída com um parque verdejante visto em primeiro plano.

Além do trabalho de Lenci, olhares sobre a metrópole histórica e contemporânea também terão forte presença na feira —da visão de centenas de janelas de apartamentos de Cássio Vasconcellos aos executivos atarefados de Bob Wolfenson no cruzamento de uma avenida paulistana.

No meio do caminho, entre a natureza crua e a metrópole pujante, outros artistas aderem à onda da fetichização das ruínas, retratando palácios antes suntuosos com paredes descascadas, caso de Lina Kim, as ruínas de fortalezas coloniais, trabalho de Yuri Firmeza, e o resgate de idílios urbanos pré-decadência, que surge nos trabalhos de Íris Helena.

Na tentativa de orientar o olhar na próxima SP-Arte/Foto, a "Ilustrada" fez alguns recortes do que poderá ser visto no JK Iguatemi. Veja a seguir.


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