Folha de S. Paulo


Grupo Corpo comemora 40 anos em fase de renovação

O Corpo, 40, ainda pulsa. A primeira grande companhia particular de dança brasileira a ganhar fama internacional entrou em uma nova fase e aproveita a data redonda para exibi-la.

"Dança Sinfônica", de Rodrigo Pederneiras, e "Suíte Branca", de Cassi Abranches, são as duas coreografias de aniversário do grupo mineiro.

A estreia será no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, no dia 5/8. Em seguida, a companhia se apresenta em São Paulo, na temporada de dança do Teatro Alfa, e no Theatro Municipal do Rio.

José Luiz Pederneiras/Divulgação
"Dança Sinfônica", coreografia do Grupo Corpo

No Corpo em renovação, Rodrigo Pederneiras, "quase 60", onipresente coreógrafo do grupo, passa o bastão para Cassi Abranches, que possui a mesma idade da companhia na qual trabalhou como bailarina por 12 anos.

"É um momento em que a gente está trazendo uma coisa muito nova, mas com muita intimidade com tudo o que fizemos nesses 40 anos", diz Rodrigo. "Não vou parar de trabalhar agora, mas tenho que passar o bastão, e a loura [Cassi] é a pessoa para isso."

Durante a montagem da última estreia do Corpo, "Triz", de 2013, Rodrigo passou por três cirurgias –nos joelhos e no ombro. Neste ano, enquanto realizava a produção de "Dança Sinfônica", operou o joelho mais uma vez.

POMPA, POP e MINAS

A trilha de "Dança Sinfônica" é a quinta composta por Marco Antônio Guimarães, do grupo Uakti, para o Corpo.

A música foi executada pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. "A ideia foi fazer algo 'Minas'. Nós caminhamos demais, mas nunca saímos do ninho", diz Rodrigo.

Para juntar os movimentos da sinfonia criada por Guimarães, o coreógrafo usou "ideias que ainda não tinham saído da gaveta, misturadas com coisas novas e as histórias das pessoas que passaram por aqui".

A homenagem coreográfica se estende ao cenário, um painel com fotos de todas as pessoas que fizeram parte da história do grupo. "Não são imagens de divulgação, chapa-branca, são apenas fotos pessoais. Mas, pela distância que o painel fica da plateia, não dá para identificar ninguém, e a ideia é essa", defende o diretor e cenógrafo Paulo Pederneiras, irmão de Rodrigo, explicando que um dos motivos do sucesso da companhia é o de não dar espaço para vaidades exacerbadas.

E, nessa fase, o grupo também pretende dar mais espaço para a nova geração. Ao ser convidada para a criação, Cassi ouviu de Paulo que tinha uma folha em branco para criar o que quisesse.

"O conceito da noite é lindo, contar os 40 anos e olhar para o futuro", diz ela, que recebeu da figurinista Freuza Zechmeister uma roupa toda branca, que se mistura ao cenário da mesma cor em sua "Suíte Branca".

ROCK, PUNK E HIP HOP

Junto com a coreógrafa, foi convidado um novo músico para compor a trilha, Samuel Rosa, do Skank. "Eu e o Samuel somos praticamente da mesma geração, temos a mesma pegada", afirma Cassi.

É a "pegada rock", que a coreógrafa pediu ao músico e imprimiu na coreografia, junto a referências do punk, do hip-hop ("Mas não diz isso ou o povo do hip-hop me mata"), aliadas aos movimentos macios e redondos do "balé brasileiro" inaugurado pelo Corpo.

"O grande barato é ter o DNA do grupo com outra linguagem. Se fosse igual, não teria porque ter outra pessoa", afirma Rodrigo.

CORPO 40 ANOS
QUANDO em BH, de 5 a 9/8, quarta a sábado, às 20h30; domingo, às 19h; em SP, de 12 a 23/8, quarta e quinta, às 21h; sábado, às 20h; domingo, às 18h; no Rio, de 3 a 7/9, quinta a sábado e segunda, às 20h; domingo, às 17h
ONDE Palácio das Artes, av. Afonso Pena, 1.537, tel. (31) 3236-7400, BH. Teatro Alfa, r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. (11) 5693-4000, SP. Theatro Municipal do Rio de Janeiro, pça. Floriano, s/nº, tel. (21) 2332-9191
QUANTO R$ 90 (Belo Horizonte); de R$ 50 a R$ 130 (São Paulo); de R$ 60 a R$ 120 (Rio).

A jornalista IARA BIDERMAN viajou a convite do Grupo Corpo


Endereço da página: