Folha de S. Paulo


Paul Weller lança 12º álbum cheio de sucessos potenciais

"Estou mostrando essas músicas em shows desde março, e a reação dos fãs é a melhor possível. Muito mais forte do que eu senti antes com meus outros discos."

Dá para entender a declaração de Paul Weller à Folha, falando de Londres, por telefone. "Saturn's Pattern", 12º álbum solo desde 1992, é seu trabalho mais contundente, com hits potenciais.

Poucos discos recentes, ou quase nenhum, trazem um punhado de canções com pegada de sucesso imediato como as 11 faixas dessa nova fornada do roqueiro inglês.

"Long Time" é uma paulada, desde já uma das músicas do ano. Há muitos bons momentos no álbum, mas é difícil parar de ouvir esse rock pesado, rápido e impecável.

Hannah McKay/Efe
O britânico Paul Weller toca no festival de Glastonbury, em 2015
O britânico Paul Weller toca no festival de Glastonbury, em 2015

"Para este disco eu entrei no estúdio sem todas as canções prontas, diferente do modo como costumo trabalhar. A criação se fez lá dentro, com uma concentração que há tempos eu não tinha."

Aos 56 anos e com sete filhos, Weller parou de beber.

Gosta de excursionar levando a mulher junto e diz que não costuma ir a shows para ver bandas novas. "Mas compro os discos para conhecer as novidades", ele diz, embora admita não se empolgar muito com o que anda ouvindo por aí.

Ele tentou incluir no álbum uma parceria com o ex-Oasis Noel Gallagher ("um dos meus melhores amigos"), mas eles não conseguiram terminar uma canção a tempo. "Vamos escrever uma, mas não somos rápidos."

Weller nem precisava ter caprichado tanto em "Saturn's Pattern" para agradar seus fãs fiéis. Já cravou seu lugar na história do rock com as duas bandas que liderou nos anos 1970 e 1980.

Primeiro, o Jam, trio que resgatou o som mod dos anos 1960, um estilo consagrado pela banda The Who, e o acelerou para tocá-lo na efervescência do movimento punk. Para entender essa onda, a dica é escutar "In the City" ou "Smithers-Jones".

Depois ele foi totalmente na contramão e formou o Style Council com o tecladista Mike Talbot. Com influências de jazz e bossa nova, a dupla criou canções envolventes, com ecos de música negra. A imprensa inglesa precisou inventar um rótulo para o Style Council: pop sofisticado.

Em carreira solo desde os anos 1990, Weller tem liberdade de variar bastante seus lançamentos, que incluem álbuns totalmente rock e outros muito difíceis de classificar. Mas nunca voltou a qualquer projeto que resgatasse suas antigas bandas.

"Toco uma ou outra música do Jam. São minhas. Mas gosto de olhar para frente", diz. Ele não fala de modo algum sobre o From The Jam, grupo revivalista de seus ex-parceiros no trio, Bruce Foxton (baixo e voz) e Rick Buckler (bateria). "Não tenho nada a ver com isso!", resume Weller.

O músico diz que ainda fica nervoso antes dos shows e fuma bastante no camarim. Mas tocar é o que mais gosta de fazer. "As pessoas perguntam o que me inspira a compor. É a minha forma de expressão, é o que eu faço para viver. Mas às vezes acho que gravo apenas para ter coisas novas e então excursionar."

SATURN'S PATTERN
ARTISTA Paul Weller
GRAVADORA Warner
QUANTO R$ 30 (CD)


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