"A prefeitura não precisa nos dar o que a gente busca", explicava na noite deste sábado (20) o professor Alexandre Corrêa, 28, com o Teatro Municipal (um dos locais de mais prestígio da Virada Cultural) de fundo.
Ao lado do açougueiro Fernando Abreu, 27, ele é um dos organizadores do "Ocupalco", atração fora da programação oficial da Virada. Pelo segundo ano consecutivo, eles promovem shows de "punk, rock alternativo e reggae", com bandas independentes da periferia de São Paulo.
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Lotaram de jovens —que ouviam numa boa o punk rock de uma banda do Itaim Paulista, na zona leste, acompanhados por cerveja, vinho químico, catuaba ou pinga com mel— região entre o chafariz do Municipal e o vale do Anhangabaú.
Usando caixas de som e instrumentos montados no chão da praça, eles improvisaram um palco onde 24 bandas se revezarão durante as 24 horas do evento. A verba veio de uma "vaquinha" entre os membros de quatro coletivos que estão no local.
Chegaram a se inscrever, diz Abreu, nos editais promovidos pela prefeitura para selecionar artistas para se apresentar na Virada, mas não foram escolhidos. "É uma forma de protesto e ocupação do espaço público, mostrar a mensagem das bandas da periferia que carregam amplificador nas costas", afirma Abreu.
Para Alexandre Corrêa, "faltaram shows subversivos", que mostrem a "verdadeira cultura de rua", no evento que ocupa as ruas do centro por 24 horas.
Questionado sobre a programação "mais light", nas palavras do secretário Nabil Bonduki, deste ano para amenizar a violência no centro, Corrêa comenta que "o que causa violência é a opressão do Estado".
Eles diziam não terem sofrido nenhuma represália da polícia ou presenciado nenhum caso de violência. O local está a poucos metros da base da Guarda Civil, montada em frente ao Theatro Municipal.