Folha de S. Paulo


Contra arrastões, prefeitura encolhe Virada Cultural no centro de SP

As 24 horas de programação da 11ª Virada Cultural começam no sábado (20) em menos locais –48 em 2015 ante 62 em 2014– e palcos mais concentrados no centro.

Na periferia, a programação será ampliada. Apesar de ocupar só quatro CEUs –no ano passado foram 31, mas 29 tiveram só uma atração na Virada– o evento agora chega a outros 13 locais das zonas norte, sul, leste e oeste.

De acordo com o secretário de Cultura, Nabil Bonduki, a intenção foi adensar o público, com shows concentrados no eixo Sé/av. Ipiranga, e povoar os espaços vazios entre os palcos –que, conforme avaliação dos organizadores, foram o foco de arrastões na edição passada.

Editoria de Arte/Folhapress

Comparando a área onde houve atrações no centro em 2015 e em 2014, a Folha calculou que neste ano a Virada ocupará um espaço cerca de 36% menor do que no ano anterior. A maior diferença está na exclusão da região da 25 de Março e do Mercado Municipal da programação.

"Houve a preocupação em compactar o evento e criar mais atividades, como tablados e intervenções, entre os palcos. Em regiões sem gente, é mais fácil surgir arrastão", afirma Bonduki.

Outra medida para evitar tumultos no centro foi escalar uma programação "mais light", segundo o secretário, com shows como o do cantor Fábio Jr. no palco Júlio Prestes, durante a madrugada.

Nos quatro palcos de funk que serão montados na periferia –em Brasilândia, Cidade Tiradentes, Capela do Socorro e Vila Prudente–, organizados pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, a festa não vira e termina às 22h no sábado e no domingo. Haverá controle de entrada nos palcos e de venda de bebidas alcoólicas.

O plano de segurança não havia sido divulgado até a manhã de quinta (18), mas já estava pronto, segundo disse à Folha o coronel Reinaldo Zychan, chefe do Comando de Policiamento da Capital. Ainda faltavam ajustes no número do efetivo policial na Virada, mas, o oficial diz que deve ser maior do que em 2014.

"Da parte da PM, está tudo certo. Apesar de, até a tarde da sexta-feira passada, não termos recebido nada [de planejamento da Virada] da prefeitura", diz Zychan. "É claro que isso traz um embaraço."

Nabil Bonduki diz que a definição da programação e a notificação à PM, a uma semana do evento, "atrasou um pouco, mas nada que inviabilizasse o plano de segurança".

"Fazer caber tudo no orçamento exigiu mais tempo do que o normal, do que se tivéssemos com o orçamento folgado", afirma. "[O atraso] foi em benefício do menor custo e da maior diversidade."

Orçada em R$ 14 milhões, a Virada Cultural deste ano tem custo semelhante à de 2014, quando foram gastos R$ 14,4 milhões (valor corrigido pela inflação). Segundo o secretário, a verba é cerca de 3% do orçamento liberado para a Cultura em 2015.

A poucos dias do evento, a apresentação de Margareth Menezes foi cancelada por problemas contratuais. Daniela Mercury a substitui, às 21h do sábado, na Júlio Prestes.


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