Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Carreira solo de Johnny Marr deve deslanchar com novo álbum

A melhor alegria que "Playland" pode dar aos fãs do britânico Johnny Marr é o álbum ter saído cerca de um ano depois do antecessor, "The Messenger". Parece que o ex-guitarrista dos Smiths está, finalmente, em carreira solo.

Para entender, é bom voltar no tempo até 1987, 1988, período logo após a separação do grupo. Os Smiths foram a maior banda britânica daquela década, e todos queriam saber como seriam as carreiras solo dos dois dínamos do quarteto, Marr e Morrissey.

Enquanto o cantor lançou um disco atrás do outro, Marr passou anos fugindo das atenções. Ele se contentou em participar de outras bandas, como Pretenders, The The, Modest Mouse e The Cribs –um coadjuvante de luxo.

Um grande tempo perdido, porque o cantor e compositor que aparece em "The Messenger" e também neste "Playland" –são discos um tanto parecidos– ainda não repete o gênio que fulgurou nos Smiths, mas é um guitarrista ainda criativo e original.

As letras não são grande coisa, mas o rock britânico já produziu atrações fantásticas com letras nada brilhantes, de The Who ao Oasis.

Os versos de "Playland" não comprometem. São emoldurados por frases de guitarra que fisgam fácil o fã roqueiro. Há canções grudentas como "Easy Money", "Dynamo" e "The Trap", boas como pouca coisa produzida nestes tempos.

Quando Marr leva seu bom repertório para o show, como faz desde o ano passado, tudo fica complicado. Entra em cena a comparação com músicas clássicas dos Smiths.

Ele canta "How Soon Is Now", "There's a Light that Never Goes Out", "The Queen Is Dead" e outros hinos de quem era jovem há 30 anos.

Marr sai perdendo ao colocar músicas mais fracas ao lado dessas e também ao não chegar perto do vocal peculiar de Morrissey.

"Playland" é para ser ouvido sem pensar nessas comparações. Assim, é possível se alegrar ao ver que Johnny Marr continua na estrada.

PLAYLAND
ARTISTA Johnny Marr
LANÇAMENTO Warner
QUANTO R$ 36 (CD)
AVALIAÇÃO bom


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