"Você fala inglês?", pergunta Roger Waters ao barman de um hotel na França.
"Não." Não importa. Waters pede mais uma bebida e descreve a ele os detalhes do ataque que matou seu pai, Eric Fletcher Waters, em 1944, na Segunda Guerra.
Esse é um dos vários momentos íntimos e tocantes dos quais o espectador de "Roger Waters The Wall" é tirado para ser lançado de volta ao palco da recente turnê de "The Wall", com impressionantes sons e imagens.
O filme traz todo o show apresentado por Waters entre 2010 e 2013 –com cenas gravadas em apresentações na Grécia, Canadá e Argentina– e revela parte do que se passava do lado de trás do muro, quando os músicos não eram vistos pela plateia.
Como um filme de rock, é um dos maiores espetáculos já levados às telas. Não é, porém, apenas rock'n'roll.
Há uma forte mensagem, repetida de diversas formas ao longo de todo o filme: as guerras são desumanas, irracionais, inúteis.
Waters aparece chorando ao ler a carta que informou sua mãe sobre a morte de seu pai e visita o túmulo do avô, morto na Primeira Guerra, ao lado de seus três filhos. O show e o filme tratam de um drama que continua vivo.
No Iraque, no Afeganistão, na África, as guerras seguem matando inocentes. Em seu momento final, "Roger Waters The Wall" exibe fotos e perfis de pessoas mortas não apenas em conflitos armados, mas em ações do Estado ou em crimes políticos, de soldados americanos a civis iraquianos ou jovens iranianos.
Entre eles, três brasileiros: Jean Charles de Menezes, morto pela polícia em Londres, em 2005, ao ser confundido com um terrorista; Sergio Vieira de Mello, diplomata morto num atentado no Iraque, em 2003; e Chico Mendes, ambientalista assassinado no Acre em 1988.
"Roger Waters The Wall" lembra que as guerras são muitas, de todos os tipos e estão por toda parte.
ROGER WATERS THE WALL 
DIREÇÃO: ROGER WATERS E SEAN EVANS
PRODUÇÃO: REINO UNIDO, 2015
QUANDO: ESTREIA MUNDIAL EM 29/9 (INGRESSOS A PARTIR DE SEXTA, 19/6, NO SITE ROGERWATERSTHEWALL.COM)
