Folha de S. Paulo


Mostra em SP sobre Jimi Hendrix é pequena, mas intensa

Há uma exposição em São Paulo dedicada ao guitarrista americano Jimi Hendrix (1942-1970), montada no Shopping JK Iguatemi. Logo que a pessoa entra no recinto, pode julgar que está diante de uma mostra pequena. Sim, acanhada no tamanho, mas poderosa no jorro de informações.

Para o público paulistano, a comparação com a exposição sobre David Bowie, realizada no ano passado, é inevitável. São os dois exemplos de mostras a respeito de carreiras de rockstar de que as pessoas dispõem.

Pelo menos até o ano que vem, quando os responsáveis pelo acervo de Hendrix, do EMP Museum de Seattle, devem trazer algo semelhante focando Kurt Cobain (1967-1994), o perturbado e talentoso líder do Nirvana.

Se a exposição de Bowie era vasta, trazendo material de uma carreira de mais de 40 anos, a de Hendrix toca de outra forma. O guitarrista teve apenas três anos de brilho, antes de morrer por asfixia causada por barbitúricos, mas foi um brilho intenso.

Intensa também é a exposição. Em uma única parede, por exemplo, as reproduções dos jornais ingleses sobre a chegada de Hendrix a Londres, em 1966, quando causou um impacto profundo na crítica e nos roqueiros da época, dão a dimensão do fenômeno.

Há telas de vídeo espalhadas, nas quais é possível ver filmes históricos e muito material produzido para a exposição. Chris Squire, líder da banda Yes, dá um ótimo e entusiasmado depoimento sobre o furacão Hendrix, sintetizando o deslumbramento de quem o assistia.

Declarações de outras estrelas, como Mick Jagger, são encontradas pelas paredes.

Hendrix mudou o jeito de tocar guitarra conhecido por todos. Transformou o rock com três músicas entre as dez mais da parada inglesa, "Hey Joe", "Purple Haze" e "The Wind Cries Mary".

Singles dessas e de outras canções estão na exposição. Mas, no que se refere a discos, a parede mais bacana é a que exibe 21 álbuns da coleção pessoal de Hendrix. Ali estão influências que o levaram a criar seu som tão particular.

Estão expostos, entre outros, discos de John Lee Hooker (1917-2001), Rolling Stones, Frank Zappa (1940-1993), Bob Dylan, Little Richard e Johnny Cash (1932-2003). Uma fatia de respeito da história do rock.

Algumas roupas de Hendrix são mostradas, com os habituais modelos de inspiração militar que ele vestiu em palcos de festivais essenciais dos anos 1960, como Monterey Pop (1967), Woodstock (1969) e o da Ilha de Wight (1970).

Mas, claro, na exposição do maior guitarrista do rock é obrigatória a presença de suas guitarras. Só fica difícil pelos rituais dele, que podia quebrá-las ou tacar fogo nelas no final de um show.

Há o que sobrou da guitarra queimada em Monterey e outros pedaços de instrumentos. O corpo quebrado de uma delas virou arte, coberta com desenhos psicodélicos do próprio Hendrix.

A única inteira é a branca que ele usou em Woodstock. Ao lado dela, na parede, está o contrato original assinado por ele para tocar no famoso festival. O cachê: US$ 18 mil (R$ 56 mil), em duas parcelas. Um tesouro para os fãs.

Depois de ver tudo, talvez o item mais pessoal seja o cartão postal que Hendrix enviou ao pai, nos primeiros tempos na Inglaterra. Em um trecho, ele escreve que "parece que agora as coisas vão dar certo". E deram mesmo.

HEAR MY TRAIN A COMIN': JIMI HITS LONDON
QUANDO: DE SEG. A SEX., DAS 10H ÀS 22H; SÁB. E DOM., DAS 11H ÀS 20H; ATÉ 30/7
ONDE: SHOPPING JK IGUATEMI, AV. JUSCELINO KUBITSCHEK, 2.401, TEL. (11) 3152-6800
QUANTO: DE SEG. A QUI., R$ 40; DE SEX. A DOM., R$ 50


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