Folha de S. Paulo


'A nova temporada será sobre fé', diz atriz de 'Orange Is the New Black'

"De que lado da história você quer estar?", pergunta Samira Wiley, 28, de cima de um trio-elétrico na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que acontece neste domingo (7), na avenida Paulista.

"Quero estar do lado certo", diz a atriz, mais conhecida pelo nome Poussey, personagem que vive na série "Orange Is the New Black".

Parte do elenco do seriado veio à maior comemoração de orgulho gay do país para divulgar a terceira temporada da série, que se passa em um presídio feminino no qual abundam relações homossexuais.

"É uma questão de tempo. E de pouco tempo. Em 20 anos, vamos olhar para trás e ver que absurdo é não deixar as pessoas se amarem."

Wiley comenta o boicote à novela das 21h da Globo, "Babilônia", conclamado por alguns grupos religiosos depois que as personagens de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg se beijaram. "E são duas senhoras, meu Deus!"

Enquanto a maioria dos convidados vestia camisetas laranja, como um dos uniformes das detentas da série, uma loira de boné e óculos escuros está no cantinho, fumando um cigarro sozinha.

É Natasha Lyonne, 36, que no seriado vive a ex-viciada em drogas e atual ninfomaníaca Nicky Nichols. "Na terceira temporada [que estreia em 12 de junho no Netflix, serviço on-line de vídeo sob demanda], minha personagem vai se enrascar ainda mais. Se é que isso é possível", diz ela.

Uzo Aduba, 34, uma negra de cabelos ondulados e dentes separados, tenta dançar, mas é interrompida para selfies a cada vez que tenta acenar para a multidão. Com os olhos dentro das órbitas, nem parecia a instável "Crazy Eyes", que em nome do amor faz xixi no chão da cela da detenta que a rejeitou. A personagem lhe rendeu um prêmio Emmy.

"A nova temporada vai ser sobre fé", diz Aduba. Uma conversão evangélica em massa assolará o presídio de Litchfield? "Não, a fé não está ligada só à religião", diz a atriz.

Do outro lado do trio, três homens requebravam ao som da música de Wanessa e faziam vídeos interagindo com o mar de gente no asfalto.

Um deles, de regata preta, era Naveen Andrews, 46, o Sayid da série "Lost". "Já fui a algumas paradas gay em San Francisco. Mas nada como isso aqui. É uma loucura", diz o ator, que protagoniza a série de ficção científica "Sense8", também da Netflix, que estreou na última semana.

Mas o furdunço feito para os convidados estrangeiros não chegou nem perto do auê que gerou Valesca Popozuda, 36, que adaptou um dos seus funks para promover a série. O nome Poussey, que em inglês, dependendo da pronúncia, pode ser confundido com a palavra para genitália feminina, virou o trocadilho "minha Poussey é o poder".

A presença de Valesca, que chegou ao hotel onde estavam concentrados atores com uma comitiva de oito pessoas e dois jipes Land Rover, mobilizou o lobby por onde as americanas andavam tranquilas.

Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais formaram uma turba que buscava fotos com Popozuda. "Gente, tá tudo bem ser gay!", ela gritou.

De volta ao trio, a intérprete de Poussey vira para frente o boné que usava com a aba para trás. Nele, lê-se a estampa "I <3 girls" (eu amo garotas). "Isso é uma declaração de amor."


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