Em primeiro lugar, esse título é ruim. Dá a entender que veremos um besteirol na linha Aaron Seltzer e Jason Friedberg (do horrível "Super Velozes, Mega Furiosos"). "A Espiã que Sabia de Menos" ("Spy", espiã, no original) está mais na linha "Kingsman", ou seja, uma sátira divertida, ainda que esquecível.
Ser divertido sem ferir a nossa inteligência, contudo, significa muito hoje em dia. Por isso o filme de Paul Feig cumpre bem o seu papel.
Melissa McCarthy está sublime como Susan Cooper, a agente da CIA que auxilia, do escritório, o agente de campo Bradley Fine (Jude Law). Quando este é assassinado por imprudência durante uma missão, ela resolve ir a campo para vingar sua morte.
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| Os atores Melissa McCarthy e Jude Law em cena do longa |
Sua decisão contraria um outro agente de campo, o competitivo Rick Ford (Jason Statham), que vai procurar seguir os passos de Susan porque se acha perfeito para a missão.
A cena em que fala de suas façanhas para uma incrédula Susan, num quarto sujo de um hotel parisiense, é um dos melhores momentos do filme. Revela o surpreendente talento cômico de Statham.
A missão, no fundo, é apenas um pretexto para Feig brincar com certos estereótipos: a secretária obesa se revela uma hábil espiã, o italiano tenta seduzir tudo que se mexe, o bonitão luta contra todos sem desmanchar o penteado.
Claro que dentro da máquina hollywoodiana não é possível ir longe com essa brincadeira. O filme se apoia no estereótipo para em seguida, ora sobrepujá-lo, ora confirmá-lo.
Mas há uma transformação em pauta. Susan Cooper desaparece como mulher à moda antiga e renasce como mulher moderna, do século 21. Essa transformação, por mais que respeite a ordem do dia, é um alento dentro do ambiente ainda patriarcal de Hollywood.
A ESPIÃ QUE SABIA DE MENOS
(Spy)
DIREÇÃO Paul Feig
ELENCO Melissa McCarthy e Jude Law
PRODUÇÃO EUA, 2015, 14 anos
QUANDO em cartaz
AVALIAÇÃO bom