Folha de S. Paulo


George R.R. Martin defende cena de estupro em 'Game of Thrones'

Uma cena de violência sexual envolvendo a personagem Sansa Stark (Sophie Turner) na quinta temporada de "Game of Thrones" gerou polêmica entre os fãs da série.

Em entrevista à revista "Entertainment Weekly" o escritor George. R. R. Martin, autor dos livros que inspiraram a série, defendeu o conteúdo violento e, por vezes, controverso da produção. Originalmente, a cena de estupro não estava em seus romances.

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"Os livros refletem uma sociedade patriarcal baseada na Idade Média. Não era um tempo de igualdade sexual. Era muito classista, e as pessoas eram divididas em três classes. Eles tinham ideias firmes sobre o papel da mulher", afirmou o escritor. "Havia, é claro, mulheres fortes e batalhadoras. Mas isso não muda a natureza da sociedade."

Martin ainda respondeu a críticas de fãs que dizem que já que ele criou um mundo mágico e fantasioso, deveria ter feito dele uma sociedade igualitária. "Só porque você coloca dragões, não significa que você pode colocar o que quiser. Se porcos podem voar, então essa é a sua história. Mas não significa que você também quer as pessoas usando as mãos para andar em vez de os pés."

O autor ainda afirmou que escreveu "Game of Thrones" fortemente baseado em referências históricas da sociedade medieval. E que, mesmo hoje, "os Estados Unidos do século 21" estão longe de ser uma cultura plenamente igualitária, ainda impondo barreiras. "Mas está melhor. Não é mais como [na série] 'Mad Men', o período em que cresci."

"Tenho milhões de leitoras que amam os livros, que me procuram para dizer que amam as personagens femininas. Algumas amam Arya, algumas amam Dany, algumas amam Sansa, outras amam Brienne ou Cersei", disse. "Não ser sexista significa que você precisa necessariamente retratar uma sociedade igualitária? Isso não está na nossa história, é algo para a ficção científica."

Martin comentou, ainda, que o estupro faz parte da guerra. "O estupro, infelizmente, ainda é parte da guerra hoje em dia. Não é um testemunho forte para a humanidade, mas não acho que devemos fingir que ele não exista."


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