Folha de S. Paulo


Sepultura celebra 30 anos com shows no Rio e em SP, documentário e novo single

Na noite desta quinta (4), a banda brasileira mais famosa no exterior tem show marcado em Atlanta, Estados Unidos, numa turnê que passa por 33 cidades daquele país. Ou seja, mais uma noite de rotina para o Sepultura.

Será pelo menos o show número 1.604 da banda, num levantamento que contemplou informações de fã-clubes e o site de registro de apresentações Setlist.fm.

"Fomos para 74 países", conta à Folha o guitarrista Andreas Kisser, 46. "Tocamos em 460 cidades ", emenda o baixista Paulo Jr., 46.

Adriano Vizoni/Folhapress
Retrato da banda brasileira Sepultura em 2015
Retrato da banda brasileira Sepultura em 2015

Depois do giro americano, a banda vem ao Brasil neste mês para dois shows comemorativos dos 30 anos de seu primeiro disco, "Bestial Devastation", um LP dividido em 1985 com outra banda pesada de Belo Horizonte, Overdose. No dia 19, será no Rio (Circo Voador), e, no dia 20, em São Paulo (Audio SP).

Na comemoração, o Sepultura lança nesta sexta (5) um single disponível em vinil de várias cores, "Sepultura Under My Skin". A capa traz tatuagens de fãs da banda.

NAS TELAS

A festa inclui ainda um documentário sobre esses 30 anos, dirigido por Otavio Juliano, da Interface Filmes, ainda em produção. O diretor pesquisou a história da banda e acompanhou as gravações dos últimos álbuns, "Kairos" (2011) e "The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart" (2013).

Kisser conta que Juliano ainda coleta entrevistas, "tentando que os Cavalera participem. Mas não é um filme nosso, somos o tema. Demos liberdade total ao biógrafo".

Os irmãos Max (vocal e guitarra) e Igor Cavalera (bateria) fundaram o Sepultura com Paulo Jr. Kisser entrou em 1987. Os dois deixaram a banda. Primeiro Max, em 1997, porque os outros queriam que a mulher dele, Gloria, deixasse de ser empresária do grupo.

A saída de Igor, em 2006, foi mais tranquila, mas os irmãos não querem falar sobre o Sepultura. Agora estão juntos na Cavalera Conspiracy e têm também grupos separados, Soulfly (Max) e MixHell (Igor).

Kisser diz que a banda quer celebrar de maneira positiva, "e não brigando com com vizinho que já saiu de lá".

O Sepultura nunca parou de gravar e excursionar. Depois de assinar com a gravadora Nuclear Blast, em 2010, a agenda de shows engordou muito. "Não adianta ter um disco fantástico e não ter as ferramentas certas para divulgá-lo", diz Kisser.

O grupo confia muito na formação atual. O americano Derrick Green, 44, entrou em 1997, com seus mais de 1,90 m e voz de trovão.

"É bom que com ele podemos sair à noite sem segurança, o Derrick assusta", brinca Kisser. "Às vezes as pessoas me olham e mudam de calçada", admite Green.

Já Eloy Casagrande, 24, é mais novo do que o Sepultura. "Era fã da banda, fazer o teste foi surreal." Ele já tocava com o grupo Glória, e foi recebido com desconfiança por parte dos fãs, segundo Kisser: "Veio do Glória, rolou um preconceito, era uma banda pequena. Mas é legal depois calar a boca de todo mundo, é a história de nossa vida".

O guitarrista diz que hoje a sombra dos Cavalera se dissipou, "parou essa pressão da imprensa e do próprio Max e da Gloria de reunir a formação original e as propostas de festivais querendo o mesmo".

OUSADIAS E PARCERIAS

O Sepultura ousou muito. Arriscou gravar com Carlinhos Brown, com índios xavantes e lançou covers de artistas alheios ao metal (veja abaixo). Entre as lembranças, lotar o Ginásio do Ibirapuera na turnê de "Arise" (1991) foi marcante.

"Foi sonho de moleque, principalmente para quem mora em São Paulo", diz Kisser. "É horrível, o som é uma merda, mas foi especial."

O último dos 74 países desbravados pela banda foi a China, no ano passado. "É um pouco como a Liberdade", diz Paulo Jr.

Índia e Filipinas os impressionaram. "A gente já passou mal comendo algumas coisas", conta Kisser.

SEPULTURA
QUANDO 19/6 (Rio) e 20/6 (SP)
ONDE Circo Voador (RJ) e Audio SP
INGRESSOS de R$ 100 a R$ 250, nos sites ingresso.com.br (RJ) e ticket360.com.br (SP)


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